Quarta-feira, 28 de Junho, pelas 21:30.
Mindwalk, orientada pelo Prof. José Eduardo Reis - UTAD.
Participantes: Fransisco Laranjo, António Quadros Ferreira, Ramiro Teixeira, Francisco Saraiva de Sousa, Miguel Leitão, Celeste Natário, José Galvão, José Nuno Pereira Pinto, Fernando Almeida, Alexandre Teixeira Mendes, Hélia Saraiva, Hugo Santos, Maria Helena Padrão.
www.clubeliterariodoporto.org
sexta-feira, junho 16, 2006
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4 comentários:
MindWalk
Tom - Hello?
Tom - Está?
Jack - Tom?
Jack - Tom?
Tom - Jack, Jack, what is it? There's a red alert or something?
Tom - Jack, Jack, o que é? Há um alerta geral, o que se passa?
Jack - Am I calling too late?
Jack - É tarde par te ligar?
Tom - No, no. It is that the hours are latter here. Are you o.k ? Everything all right?
Tom - Não, não. A hora é que é diferente, aqui é mais tarde. Estás bem? Está tudo bem?
Jack - Not really. Ey Tom, I need some help.
Jack - Na verdade, não. Tom, preciso de ajuda.
Tom - Do you think a speech writer is going to fix it for you? Do you think that is the only problem?
Tom - Precisas que o escritor te reveja o discurso? É esse o teu único problema?
Jack - If I did, would I be calling you?
Jack - Se fosse, estaria a telefonar-te?
Tom - Look, I'm sorry if I missed your presidential campaign. I just thought it was nuts.
Tom - Olha, desculpa-me se não segui a tua campanha presidencial; achei que era uma loucura.
Jack - It looks like the voters agreed with you. Maybe it was crazy. Anyway, now I'm supposed to be running again for reelection for the Senate. You know, people aren't giving any more; no, they are giving, but, maybe, I just don't want the money. I don't have anything to say. I feel trapped out.
Jack - Parece que os eleitores concordaram contigo. Talvez tenha sido um loucura. Esperam agora que eu me recandidate ao Senado. Sabes, os meus apoiantes não querem empenhar-se; não, eles até se empenhavam, eu é que talvez já não queira o seu dinheiro. Não tenho nada novo a dizer. Sinto-me encurralado.
Tom - Get away from there. It's a snake pit, it's a whole mirror's for narcissists. Get a long way away.
Tom - Sai daí. Isso não passa de um ninho de cobras, de um grande espelho para narcisistas. Põe-te a milhas daí.
Jack - That's what I wished. But it's impossible right now.
Jack - Isso era o que eu queria. Mas neste momento é impossível.
Tom - No, come on, it's always like that, it's always part of the problem.
Tom - Não, vá lá, é sempre assim, saires daí faz parte do teu problema.
Jack - You are offering me a place?
Jack - Estás-me a oferecer um lugar para ficar?
Tom - Yes, sure. You could come over here. Come on over. May not be the white house, but, you know, at least here you are wanted.
Tom - Sim, claro. Podes vir até cá. Vem daí. Não será propriamente a Casa Branca, mas, pelo menos, aqui não és rejeitado.
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Jack - I'm so glad to be here.
Jack - Estou tão contente por estar aqui.
Tom - (I shouldn't have invited him.)
Tom - (Não devia tê-lo convidado.)
Jack - Incredible! Look, there it is again. Middle Ages got left behind on this rock. Time just moved on.
Jack - Incrível! Olha, ali está outra vez. A Idade Média ficou esquecida naquele rochedo. O tempo limitou-se a passar.
Tom - (There he goes again, that's him, all right. Always enthused, always ready with the right words for all the occasions, as if everyone was still waiting for his opinions, if life itself was one giant press conference. Maybe that's all there is to his public persona, maybe I've been fooling myself these last twenty years. Now he is looking for the real guy behind the façade; maybe the façade is the real guy.)
Tom - (Lá está ele outra vez; é mesmo dele. Sempre entusiasta, sempre com a palavra certa para a ocasião certa, como se o mundo inteiro estivesse à espera das suas opiniões, como se a própria vida não fosse mais que uma grande conferência de imprensa. Talvez a vida se resuma a isso para uma pessoa pública como ele; talvez eu me tenha enganado nestes últimos vinte anos. Agora veio à procura da pessoa autêntica por detrás da fachada; mas talvez a fachada seja a pessoa autêntica.)
Jack - This is amazing!
Jack - Isto é espantoso!
Tom - (Sure it is. Everything is always amazing for this guy. Why am I pitched all the time; maybe this is a premonition that this trip is going to be a disaster. I can't say I need Jack's company this time of my life when I' m residing quite contentedly on my own middle life crisis. Thank you very much!)
Tom - (Claro que é. Tudo é espantoso para este tipo. Porque é que me sinto irritado com tudo o que ele diz; talvez seja uma premonição de que esta viagem vai ser um desastre. Não posso dizer que preciso da companhia do Jack neste período da minha vida, no momento em que vivo intensamente a minha própria crise de meia idade. Muito obrigado!)
Jack - This is about far away from Washington as I can possible get. Thank you.
Jack - Este é provavelmente o lugar mais afastado a que poderia estar de Washington. Obrigado.
Tom - (There he goes. That's why he irritates me and that's why I love him too. The States and the whole thing. Behind the innocence may be the calculated politician, but behind the politician there is innocence. He is still American enough: he doesn't lie well at all, he means it.
Tom - (Lá vem ele. É por isso que me irrita, mas é por isso que eu também gosto dele e de uma certa América. Atrás da inocência pode estar o político calculista, mas atrás do político está a inocência. Ele é ainda muito americano: não sabe mentir bem, pretende dizer a verdade.)
Jack - Want to stop the car and look around?
Jack - Não queres parar o carro para darmos uma volta?
Tom -There it is. Mont St. Michel. What do you think?
Tom - Ali está: Mont St. Michael. O que é que achas?
Jack - Beautiful!
Jack - Lindo!
Tom - Do you want to do something different? Do you want to walk over there?
Tom - Queres fazer uma coisa diferente? Queres caminhar até lá?
Jack - Walk across that swamp?
Jack - Caminhar através deste pântano?
Tom - Yes. It is like our anscestors did, centuries and centuries and centuries ago. You are the one who wanted to do all the walking. Come on, let's go.
Tom - Sim. Tal como fizeram os nossos antepassados, séculos e séculos atrás. Tu é que quiseste fazer toda esta caminhada.Vem daí, vamos.
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Sonia - Thank you.
Sonia - Obrigada.
Ke - So, are we going to do something today?
Ke - Então, é hoje que vamos sair juntas?
Sonia - Sorry. I want to finish my book.
Sonia - Desculpa-me. Quero acabar de ler o livro.
Ke - But you always have a book to read. I am bored.
Ke - Mas tens sempre um livro para ler. Sinto-me aborrecida.
Sonia - Where is Roman?
Sonia - Onde está o Roman?
Ke - I don't care what Roman is doing. I want to do something with you. I shouldn't have come. I should have done something with daddy.
Ke - Não me interessa onde está o Roman. Interesa-me é fazer qualquer coisa contigo. Não devia ter vindo, devia ter ficado com o pai.
Sonia - Come on, Ke.
Sonia - Vá lá, Ke.
Ke - You just stay cooped up in this medieval island, just reading books and you are not even aware of what's going around you. You could be anywhere. It won't even make a difference. You should just go out, meet some people.
Ke - Fechaste-te nesta ilha a ler livros e nem sequer prestas atenção ao que se passa à tua volta. Podias estar noutro sítio qualquer. Não fazia diferença nenhnuma. Devias sair e encontrares-te com pessoas.
Sonia - Yes. I will.
Sonia - Sim, vou fazê-lo.
Ke- I'm going. Good bye.
Ke - Vou andando. Adeus.
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Jack - Are you moving to France permanently?
Jack - Mudáste-te definitivamente para França?
Tom - What?
Tom - O quê?
Jack - I thought you couldn't live anywhere but New York. What about the theatre? Did you give that up for good?
Jack - Pensava que não podias viver senão em Nova York. E o teatro? Deixaste-o para sempre?
Tom - Well, maybe it gave me up for good. I don't think I' m enough involved in real estate to live in Manhattan; or any other bussiness. Some other hustle. You know, I lived in New York when I was young inside, and my friends and I were more interested in our work than in our investments. We weren't invidious, we were nurturing. And then , you know, alimony , the IRS, being neither a parent to my own child, custody; but reality ey, who needs it? You know, when Richard Nixon got into that chapter in 1972, I think the fight went out of all of us. Didnt it? The big business took over and set the agenda, and when you buy into big business, when you are buying into that, man, either you emancipate yourself from your morals or you live a life of squeamishness.
Tom - Bem, talvez ele me tenha deixado para sempre. Não acho que esteja particularmente seduzido pelas imobiliárias nem por qualquer outro negócio para conseguir viver em Manhattan. Nem por qualquer moda efervescente. Sabes, vivi em Nova York enquanto me senti jovem por dentro, quando eu e os meus amigos estávamos mais interessados no nosso trabalho do que nos nossos investimentos. Não nos invejávamos, nós inspirávamo-nos. E, depois, a pensão de divórcio, o IRS, o não poder ser o pai do meu próprio filho, a custódia. Mas a realidade, hem, quem precisa dela? Sabes, acho que o sentido de luta esfumou-se em todos nós quando Richard Nixon abriu aquele capítulo novo, em 1972, não achas? Os grandes negócios passaram a controlar e a marcar a agenda, e quando te juntas ao grande negócio, quando começas a agarrar-te a isso, ou abandonas a tua moral ou acabas por viver uma vida de náusea.
Jack - Is this the same old argument? I lost my morals, didnt I? Just automatically, by going to work on things and staying inside the system?
Jack - É o velho e estafado argumento? Perdi a minha moral, não foi? Assim, automaticamente, por ter trabalhado nalgumas coisas e por ter ficado dentro do sistema?
Tom - Well, Jack, you take me a little personal. I was talking about myself; I was saying I got a little squeamish, you know. I know a lot of people who work in a lot of crasser jobs than you do, and they are happy, they are healthy, they are not depressed, they enjoy the material blessings. Me, I couldn't handle, I couldn't stand it, I just couldn't. You know, Confuncius says: "the thirty nine steps of escape, the best one flies", so I fled. And here I am in France, where I can pull down my pants . I'm enough of a retired romantic, I guess, to believe that France is still a place where you can get away and think. So I stay, I guess. Or I won't. We'll see.
Tom - Ouve Jack, não me leves tão a peito. Estava apenas a falar de mim; só estava a querer dizer que eu fiquei com náuseas. Conheço muita gente que tem empregos mais enfadonhos do que o teu, e são felizes, são saudáveis e não se sentem deprimidos, gostam do que fazem, ainda bem Eu não consegui aguentar, não pude suportar mais, já não podia mais. Confucius diz, "trinta e nove degraus para fugir, o melhor voa", por isso voei, e aqui estou, em França, onde posso ser verdadeiramente eu. Sou um romântico na reforma para ainda acreditar que a França é um lugar para onde se pode vir e pensar. Por isso, acho que vou ficar. Ou não. Veremos.
Jack - This place is like a fairy tale. How did we wind up here? I bet there is some secret plan behind all this.
Jack - Este lugar parece-se com um conto de fadas. Como é que viemos aqui parar? Aposto que há um plano secreto por detrás de tudo isto.
Tom - I bet I can say the same thing about you. No, I just thought you might like to come here to discover that precious quality that the world so desperately lacks.
Tom - Aposto que posso dizer o mesmo de ti. Não houve nenhum plano. Pensei apenas que pudesses gostar de vir até aqui para descobrires aquela preciosa qualidade de que o mundo tão desesperadamente carece.
Jack - Yes. Vision.
Jack - Sim. Visão.
Tom - Prospective, prospective, Jack.
Tom - Prospectiva, prospectiva, Jack.
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Touristic guide - [...] This is why the dead were placed in the middle of the town among the houses. Death is a part of life, not separate from it. But you see, there weren't graves for all the generations of Mont St. Micheliens, so, every decade, or so, the bones were dug up, so that new bodies could be buried here. And since they believed you will need your bones again on Judgement Day, they would place them nearby, on the charnel house.
Guia turística - [...] Eis porque os mortos eram colocados no meio da cidadela, entre as casas. A morte faz parte da vida, não está separada dela. Mas, bem vêem, não havia lugar para todas as gerações de Mont St. Micheliens e, por isso, mais ou menos em cada década, os ossos eram desenterrados para que outros corpos pudessem ser sepultados aqui. E, visto que eles acreditavam que necessitariam novamente dos ossos no dia do Juízo Final, colocavam-nos por perto, no ossuário.
Tourist - That's disgusting!
Turista - Que horror!
Another Tourist - I like cemeteries.
Outra turista - Eu gosto de cemitérios.
Touristic guide - And in the back, there in the church, there is a relic of a saint.
Guia Turística - E nas traseiras, ali na igreja, está a relíquia de um santo.
Voice of a tourist - What's a relic?
Voz de um turista - O que é uma relíquia?
Touristic guide - It may be a shaving of a saint's finger nail or ...
Guia turística - Pode ser a apara de uma unha de um santo ou ...
Tom - Tell me, Jack, how do you expect to govern these people?
Tom - Diz-me, Jack, como é que esperas governar esta gente?
Jack - That's a good question. You know, there was an Italian Premier, just before Mussolini, and somebody else said to him that it was difficult to govern italians. " Difficult to govern italians? - he said - No, not difficult, only useless."
Jack - É uma boa pergunta. Houve um Primeiro Ministro italiano, mesmo antes de Mussolini, a quem alguém perguntou se era difícil governar os italianos. "Difícil governar os italianos? - disse ele - Não, não é difícil, apenas inútil."
Tom - Did you say that on the six o' clock news?
Tom - Disseste isso no noticiário da noite?
Jack - No, but I thought night and day: Maybe that's why I lost. Anyway, did they really think that their bones were kept until Judgement Day?
Jack - Não, mas pensei dia e noite. Foi talvez por isso que perdi. Mas as pessoas acreditavam mesmo que os seus ossos iam durar até ao dia do Juízo Final?
Tom - You've got to remember that for them Judgement Day was right around the corner: They expected it almost hourly.
Tom - Tens de perceber que, para elas, o dia do Juízo Final estava ali, ao dobrar da esquina. Aguardavam-no praticamente a todas as horas.
Jack - Just like us.
Jack - Tal como nós.
Tom - I won't say so. Judgement Day for us is different. Not exactly. I think Judgement Day for us is an interruption, a violation, a break in our concept of time, a bomb, a big one. Judgement Day for them was a kind of ultimate day off not the ultimate off day. They did not have clocks. There was not any mechanical time. Time was season to season , dawn to dusk, sabbath to saint day and everything led towards Judgement Day. Judgement Day was the reason that everybody was alive in the first place. Judgement Day was a day of deliverance. It's of kind like, you know, Sunday when you get the "Times" delivered. Time was sacred. They rang the bell in the morning, they rang the bell in the evening and those moments were changed a little, but basically the rhythm of their era was so different from ours that I don't think that we can even imagine it.
Tom - Não diria isso. O dia do Juízo Final, para nós, é diferente. Não é exactamente o mesmo. O dia do Juízo Final, para nós, é uma interrupção, uma violação, um corte no nosso conceito de tempo. O dia do Juízo Final, para elas, era uma espécie de folga última, não o último dia. As pessoas não tinham relógios. Não havia qualquer espécie de tempo mecânico. O tempo era medido de estação a estação, da aurora ao crepúsculo, do Sabbath ao dia de Todos os Santos, e tudo convergia para o dia do Juízo Final. O dia do Juízo Final era, desde logo, a razão por que se estava vivo. O dia do Juízo Final era o dia de te entregares a Deus, sabes, uma espécie de domingo quando te entregam o "Times". O tempo era sagrado. Tocavam o sino de manhã, tocavam o sino à noite, e aqueles momentos pouco diferiam entre si. Mas o ritmo daquela era é tão diferente do nosso, que julgo ser mesmo impossível imaginá-lo.
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Tom - I guess, we are a little early.
" No Saint stands alone."
Tom - Acho que chegámos demasiado cedo.
"Nenhum Santo está só."
Jack - What?
Jack - O quê?
Tom - Every time I come here, these lines come to me, God knows from where. Sometimes, it takes weeks, even years, to figure out what the hell do they mean.
Did you ever read any of the books I sent you?
Tom - Sempre que aqui venho, estes versos vêem-me à cabeça, vindos, sabe Deus donde. Tenho levado semanas, anos, a tentar perceber o que raio querem eles dizer.
Chegastes a ler algum livro que te enviei?
.
Jack - No, I'll tell you, not since you stopped thinking about coming back to help me with my speeches.
Did you ever read any of the speeches I sent you?
Jack - Não, desde que puseste a hipótese de não regressares para me ajudares nos meus discursos.
Chegaste a ler algum discurso que te mandei?
Tom - Well, I've tried, I mean, you know, all the attention spent is not what it used to be.
Tom - Bem, tentei, quer dizer, percebes, a disponiblidade já não é como era no passado.
Jack - That's true. Mine either. I don't have any attention anymore for anything that's not specific. Poetry just confuses me.
Jack - Isso é verdade. A minha também não. Já não tenho tempo para nada que não seja concreto. A poesia apenas me confunde.
Tom - Yes, politics, politics confuses everybody.
Tom - Sim, a política, a política confunde toda a gente.
Jack - Including its practitioners. But I know what "No saint stands alone" means.
Jack - Incluindo os seus praticantes. Mas eu sei o que quer dizer "Nenhum santo está só."
Tom - O yes, What?
Tom - Ai sim, o que é?
Jack - It is the essence of my profession. Because between every politician and his own point of view there is always three fat cats two lobbiers half of a dozen microphones. "No man is an island ..."
Jack - É a essência da minha profissão. Porque entre qualquer político e o seu ponto de vista há sempre três gatos barrigudos, dois preparadores de 'lobbies', meia dúzia de microfones. "Nenhum homem é uma ilha ...."
Jack - "Entire of himself, every man is a piece of the continent, a part of the main. Therefore never send out to know for whom the bell tolls, it tolls for thee."
Jack - " ... Na sua plenitude, todo o homem é uma pedaço de continente, uma parte do oceano. Por isso, não perguntes por quem dobram os sinos; eles dobram por ti."
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Tom - Can't you just feel the place watching you?
Tom - Consegues sentir o lugar a observar-te?
Jack - Makes you feel pretty small.
Jack - Faz-nos sentir muito pequenos.
Tom- Yes, I suppose too. The individual and the human body were supposed to feel small.
Tom - Sim, também acho. O indivíduo e o corpo deviam sentir-se pequenos.
Jack - Dwarfed
Jack - Como anões.
Tom - Denying all independent existence.
Tom - Negando toda a existência independente.
Jack - We lost some of the sense of being all one. But we got the freedom. It's not a bad trade off, really.
Jack - Perdemos parte do sentido de sermos todos um. Mas ganhámos a liberdade. No fundo, não foi uma má troca.
Tom - I don't know. It's still enough worth it, if we haven't lost more than we' ve gained. All I ever hear anybody talk about today is of themselves. I wrote a poem once, it's titled " The stones speak, I am silent."
Tom - Não sei se valeu a pena; não sei se não perdemos mais do que ganhámos. Actualmente só ouço as pessoas falarem de si próprias. Uma vez escrevi um poema intitulado "As pedras falam, eu estou em silêncio".
Jack - At least you're freer: You think what you want, you do what you can about it. Think about the poor guy who had to carry the stones up the hill to build this place; he didn't have any say in his life at all or try running for office some day. You don't feel so bad. Someone sets the agenda, someone else sets the schedule, someone decides what you can say and what you better not say, talk about losing yourself. People forget their own names.
Jack - Pelo menos tens mais liberdade. Pensas como queres, fazes o que podes. Lembra-te só do pobre desgraçado que teve de carregar com as pedras pelo monte acima para construir este lugar; não pôde dizer nada durante a sua vida, não pôde correr para o emprego que escolheu. Não é assim tão mau alguém estabelecer a agenda, alguém estabelecer os horários, alguém decidir o que podes dizer e o que não deves dizer, falares em te perderes. As pessoas chegam a esquecer-se dos seus próprios nomes.
Tom - Maybe it is not smart to be President.
Tom - Talvez não seja inteligente ser-se Presidente.
Jack - Yes, a television correspondent told me that once.
Jack - Sim, uma vez um jornalista da televisão disse-me isso.
Tom - What did you say?
Tom - O que é que lhe respondeste?
Jack - I got a little steamed. I said American voters wanted their leaders to be dumber than they are. They figure they do less harm that way; and that is an expensive form of cynicism.
Jack - Fez-me ferver um pouco. Disse-lhe que os eleitores americanos gostariam que os seus líderes fossem menos estupidos. Acreditavam que assim causariam menos danos; e que isso é uma forma requintada de cinismo.
Tom - You said that on T.V?
Tom - Disseste isso na T.V?
Jack - Yes.
Jack - Sim.
Tom - It's not so smart, after all.
It's up here.
After you.
Tom - Não foi muito inteligente, apesar de tudo.
É por aqui.
Depois de ti .
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Tom - Look at this, look at this. This thing has been working for hundreds, hundreds of years. Just before the begining of modern times.
Tom - Olha-me para isto! olha-me para isto! Esta coisa trabalha há centenas, centenas de anos. Antes mesmo do princípio dos tempos modernos.
Jack - Yes, but this is different from the kind of time you were talking about before: sun rise to sun set, sabbath to saint day. This is mechanical time.
Jack - Sim, mas isto é diferente da espécie de tempo de que falavas há pouco, do nascer ao pôr do sol, de sábado a sábado. Isto é tempo mecânico.
Tom - You bet, you bet. I, sometimes, think this clock, this machine is what constitutes humanity's real break from the world of nature.
Won't you say so? Allo.
Tom - É verdade, é verdade. Às vezes penso que este relógio, esta máquina é o que constitui o verdadeiro corte da humanidade com o mundo da natureza.
Não acha? Alô.
Sonia - The clock did much more than that: it became the model of the cosmos. And then they mistook the model for the real thing. People got the idea that nature was just a time clock, not a living organism, but a machine.
Sonia - O relógio significou muito mais do que isso, passou a ser o modelo do cosmos. E depois as pessoas confundiram o modelo com a verdadeira coisa. Passaram a ter a ideia de que a natureza era apenas um relógio, não um organismo vivo, mas uma máquina.
Tom - That's exactly what I've been trying to tell this lunkhead. Exactly. Word for word.
Maybe you recognise him. Jack Edwards. And yours?
Tom - É exactamente isso que estive a tentar explicar a esta cabecinha. Exactamente isso. Palavra por palavra.
Talvez o reconheça. Jack Edwards. E, você, como se chama?
Sonia - Sonia Hoffman.
I believe I 've heard your name somewhere.
Sonia - Sonia Hoffman.
Creio ter ouvido o seu nome nalgum sítio.
Tom - Maybe in a couple of hundred news broadcast. He was a candidate for the U.S President in the primaries.
Tom - Provavelmente nalgumas centenas de boletins informativos. Ele foi candidato às eleições primárias para a presidência dos Estados Unidos.
Sonia - I vaguely remember. You see, I am not a voter.
Sonia - Lembro-me vagamente. Compreenda, eu não voto.
Jack - Most Americans don't vote either.
Jack - A grande maioria dos americanos também não votam.
Sonia - I do know who you are.
Sonia - Eu sei muito bem quem você é.
Tom - Me ? You know who I am ? I doubt it.
Tom - Eu? Sabe quem eu sou?
Sonia - You are Thomas Harrimam, the poet.
Sonia - Você é Thomas Harrimam, o poeta.
Tom - O yes, I am. But, wait a minute. Let me get this straight. You recognise me, a poet whose latest works sold all of twelve thousand copies, but you don't recognise this gentleman, who was a presidential candidate in America. My God, woman, what's happened to your values? What do you do?
Tom - Sim, sou eu. Mas espere um momento, para ver se percebo. Reconhece-me, a mim, um poeta, cujos últimos livros venderam, se tanto, doze mil exemplares, mas não reconhece este senhor, que foi candidato à Presidência da América. Meu Deus, mulher, onde estão os seus valores. O que é que você faz?
Sonia - I'm a scientist, and we do occasionally read poetry. As a matter of fact I'm doing a lot of it these days. I am in a sort of sabbatical. I am an ex-physicist, an ex-american resident, an ex-voter.
Sonia - Sou uma cientista e, ocasionalmente, lemos poesia. Na verdade, tenho-o feito bastante ultimamente. Estou numa espécie de sabática. Sou uma ex-física, uma ex-residente americana, uma ex-votante.
Tom - An ex-wife?
Tom - Uma ex-esposa?
Jack - This is very upsettting. How do you, intelligent people, people like yourself, bother to vote?
Jack - Isto é muito desagradável. Como é que pessoas inteligentes, pessoas como vocês, se dão ao incómodo de votarem?
Sonia - You, politicians, make it so hard. The idea as expressed by most of you, right and left, seem to me as antique and mechanical as that old clock.
Sonia - Vocês, políticos, tornam as coisas tão difíceis. As ideias que a maioria de vocês defendem - de direita, de esquerda - afiguram-se-me tão antigas e mecânicas como aquele velho relógio.
Jack - What's that supposed to mean?
Jack - O que é que isso quer dizer?
Sonia - Well, if I was to explain that I'd have to come all the way back to Descartes ... if you remember him.
Sonia - Bem, para explicar isso teria de regressar a Descartes ... se se recordam dele.
Jack - Yes.
Jack - Sim.
Tom - "To be or not to be."
Tom - "Ser ou não ser."
Jack - "I think, therefore I am"!
Jack - "Penso, logo existo"!
Tom - Ye, we both went to College.
Tom - É, ambos andámos na Universidade.
Sonia - Well, Descartes was the primary architect of the view that sees the world as a clock. A mechanistic view that still dominates most of the world today, and, it seems to me, specially you, politicians.
Sonia - Bem, Descartes foi o primeiro arquitecto da visão que encara o mundo como um relógio. Uma visão mecanicista que, em grande parte, ainda prevalece no mundo de hoje e que, em minha opinião, predomina especialmente entre vós, políticos.
Jack - Mechanistic? Is that the real word?
Jack - Mecanicista? É essa a palavra correcta?
Tom - Mechanistic. Mechanical. Mechanics. Yes, it's a good word.
Tom - Mecanicista. Mecânica. Mecanismo. Sim, é uma boa palavra.
Sonia - Mechanistic. As if nature functions like a clock. You take it apart, reduce it to a number of small, simple pieces, easy to understand, analyse them, put them all back together again, and then you understand the whole.
Sonia - Mecanicista. Como se a natureza funcionasse como um relógio. Retira-se uma parte, decompômo-la num número de peças simples, fáceis de entender, analisam-se, recolocam-se todas juntas e percebe-se então o todo.
Jack - Isn't that what's called scientific thinking, Mrs Hoffman. Really, what you call mechanistic view is not what the scientific thinking matter is all about?
Jack - Não é isso o que se chama pensamento científico, Sra Hoffman? Na realidade, o que você chama visão mecanicista não é o que caracteriza o pensamento científico?
Sonia - Is it?
Sonia - Será?
Tom - Well, I don't think so, but I would like to hear it from the physicist, Jack.
Tom - Bem, eu penso que não, mas gostaria de ouvir a física, Jack.
Jack - All right. I'm sorry. Please continue.
Jack - Está bem. Peço desculpa. Por favor, continue.
Sonia - Well, you are right in a way, Mr ...
Sonia - Bem, de certo modo, tem razão, Sr...
Jack - Jack. Call me Jack.
Jack - Jack. Chame-me Jack.
Sonia - Jack. You are right in a sense. But it was not always so. Not before Descartes. When he introduced such thinking, it amounted to a revolutionary break with the Church. He said : "I don't need the Pope to tell me how the world functions. I can find that all for myself because, to me the world is just a machine". And then he became fascinated with clockworks and made the clock his central metaphor. He said "I consider the human body as nothing but a machine: a healthy man is like a well-made clock, a sick man is like an ill-made clock.
Sonia - Jack. Tem razão, num certo sentido. Mas não foi sempre assim. Não o foi antes de Descartes. A introdução desse pensamento significou um corte revolucionário com a Igreja. Ele disse: "Não preciso do Papa para me dizer como é que o mundo funciona. Eu consigo descobri-lo, porque, para mim, o mundo é apenas uma máquina". E ficou fascinado por mecanismos de relojoaria, fazendo do relógio a sua metáfora central: um homem saudável é como um relógio afinado, um homem doente é como relógio desafinado.
Jack - Well, it may seem a little clumsy now, but it works, doesn't it?
Jack - Bem, pode parecer um pouco grosseiro, agora, mas funciona, não acha?
Sonia - Yes, so successfully that the scientists came to believe that all living things, plants, animals, us, are nothing but machines, and that is the fallacy. It carried over into everything, arts, politics ...
Sonia - Sim, e com tal sucesso que os cientistas acabaram por acreditar que todos os seres vivos, plantas, animais, nós, não somos senão máquinas. E esta é a falácia que acabou por estender-se a tudo, à arte, à política ...
Jack - I don't know. It seems to me that most people don't even remember who Descartes was. I'm sorry, I guess I just don't follow you.
Jack - Não sei. A mim parece-me que a maioria das pessoas nem sequer se lembra quem foi Descartes. Peço desculpa, acho que não consigo acompanhá-la.
Tom - But he would like to, if you could just break it down into thirty second media bites. It is more what he is used to.
Tom - Mas gostaria, se conseguisse reduzir a sua explicação à mensagem telegráfica dos media, que é a que está mais nos seus hábitos.
Jack - Very funny. All right, what is it that I don't recognise. What's so bad about Descartes?
Jack - Muito engraçado. Está bem, o que é que eu não entendo. O que é que há de tão errado com Descartes?
Sonia - But there is nothing bad about Descartes. In fact, I think Descartes was wonderful, a godsend to the seventeenth century. But times have changed since then. We need a new way of understanding life. That pendulum, for example, has long since been replaced by a tiny quartz crystal; and these magnificent hand forged wheels turned into a micro chip that has the size of my thumb nail. That is how far modern science has left mechanistic thinking behind. But you, politicians, you seem to have that clockwork still ticking in your head.
Sonia - Mas não há nada de errado com Descartes. De facto, penso até que Descartes foi extraodinário, um enviado dos deuses no século dezassete. Mas os tempos mudaram desde então. Precisamos de uma nova maneira de compreender a vida. Aquele pêndulo, por exemplo, há muito tempo que foi substituído por um pequeno cristal de quartzo, e estas magníficas rodas trabalhadas à mão deram lugar a um pequeno 'micro chip' que tem o tamanho da unha do meu polegar. Eis a distância a que a ciência moderna se afastou do pensamento mecanicista. Mas vocês, políticos, vocês parecem ter ainda aquela engrenagem a funcionar nas vossas cabeças.
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Jack - Keep on going, Sonia, don't stop. Who knows, you'may just have that vital piece of information that we, pols, venal and stupid as we are, have been missing all along.
Jack - Continue Sonia, não pare. Quem sabe se você não possui a peça de informação que nós, políticos, venais e estúpidos como somos, temos vindo sistematicamente a ignorar.
Sonia - There you go, thinking in terms of pieces.
Sonia - Lá está você outra vez a pensar em termos de peças.
Jack - Pieces is all we get from the whole picture. Only fragments. Go on, give me some examples.
Jack - Peças é tudo o que se obtém do mecanismo completo. Apenas fragmentos. Vá lá, dê-me alguns exemplos.
Sonia - Well. Let's take the population problem, for example. You can't solve it by looking at different forms of birth control, in isolation. Research has proved, again and again, that the most effective form of birth control is not the pill; it is economic and social gains which will reduce the desire for a large families.
Sonia - Está bem. Vejamos o problema da população, por exemplo. Não poderá resolvê-lo de modo isolado, mediante o recurso a diferentes formas de controlo natal. A investigação provou, repetidamente, que a forma mais eficiente de controlar os nascimentos não é a pílula, são os ganhos sociais e económicos que podem reduzir a vontade de constituir grandes famílias.
Jack - That's true.
Jack - Isso é verdade.
Sonia - You know that in our world every day 40.000 children die from mal-nutrition and preventable diseases? That's every other second. Is now, now, now. The short lives of these children can't be seen in isolation. They're part of a whole system, involving the economics, involving the environment and, most specifically, involving high levels of third world debt.
Sonia - Sabe que no nosso mundo todos os dias morrem quarenta mil crianças de mal nutrição e de doenças que podem ser prevenidas.? Isto é, de dois em dois segundos. É agora, agora, agora. As breves vidas destas crianças não devem ser encaradas de modo isolado. Elas fazem parte de todo um sistema, que envolve a economia, o ambiente, e que envolve, muito particularmente, elevadas dívidas do terceiro mundo.
Jack - How's that?
Jack - Como assim?
Sonia - The burden of frenzied borrowing is not falling on those with foreign bank accounts, nor in those who created the unbalance; the burden is falling on the already deprived. Three years ago, President Nyereri asked the question: "Must we starve our children to pay our debts?" That question has been answered in practice. And the answer has been yes, because since he asked hundreds and thousands of little children in the third world have given their life to pay their country's debts. And millions more are still paying interest with their mal-nourished minds and bodies. Ah, take Brasil. Do you know that they are destroying their Amazon rain-forests at the rate of one football field a second? Now , now, now. Why? They are trying to pay their national debt with cattle and land speculation. They don't even have the time to saw the timber so they are setting fire to the woods. And our barrren forests are one of the main causes of the global warming, the green house effect. And, in the meantime, we are pouring money in the arms race. See, you cannot look at one single global problem in isolation, trying to understand and solve it. Of course, you can fix a fragment of a piece but it will deteriorate a second later, because what was connected to it has been ignored. We have to change everything, together, at the same time: the ideals, the institutions, the values.
Sonia - O fardo das dívidas não pesa sobre os que têm contas bancárias no estrangeiro, nem sobre os que provocam o desequílibrio; o fardo pesa nos que já são carenciados. Há três anos, o Presidente Nyereri colocou a seguinte pergunta: " Teremos de matar à fome as nossas crianças para pagar as nossas dívidas?" Essa pergunta foi respondida na prática. E a resposta foi, sim. Porque, desde que ele fez essa pergunta, centenas e centenas de milhares de crianças no terceiro mundo deram as suas vidas para pagar as dívidas dos seus países. E milhões de outras estão ainda a pagar juros com as suas mentes e os seus corpos mal alimentados. Veja-se o caso do Brasil. Você sabe que estão a destruir as suas florestas tropicais ao ritmo de um campo de futebol por segundo? Agora, agora, agora. Porquê? Porque estão a tentar pagar a sua dívida nacional com gado e com especulação de terras. Não chegam sequer a ter tempo para serrar a madeira e, por isso, deitam fogo às florestas. E o derrube das florestas é uma das principais causas do aquecimento global e do efeito de estufa. E, ao mesmo tempo, estamos a dispender rios de dinheiro na corrida aos armamentos. Percebe, não é possível ver as coisas isoladamente, procurando compreender e resolver parte de um problema que é global. Claro que se pode isolar uma peça, mas passado um segundo deteriorar-se-á porque se ignorou aquilo a que estava ligada. Temos de mudar tudo, em conjunto, ao mesmo tempo: os ideais, as instituições, os valores.
Jack - All of this sounds kind of familiar. Do you two know each other? Is this a set-up ? All right. What do I think? Yes, the problems are complex. But you are just looking at the dark side, ignoring our capacity to respond, isn't it? Communication data banks, technology, we already have the tools to deal with a lot of these problems, even if they are more complex.
Jack - Tudo isto parece-me um pouco familiar. Vocês os dois conhecem-se? Isto é uma cilada? Está bem. O que é que eu penso? Sim, os problemas são complexos. Mas você limita-se a ver o lado negro e ignora a nossa capacidade de dar resposta, não é verdade? Bancos de dados de informação, tecnologia - nós já possuímos os instrumentos para lidar com muitos destes problemas, ainda que sejam cada vez mais complexos.
Tom - Candide himself. The eternal optimist.
Tom - Candide em pessoa. O eterno optimista.
Sonia - But don't you see that all these new technologies they're causing more problems than they solve. In medicine, for example. There has been an overwhelming increase in technology, but their costs have spiraled concurrently. It's became medicine for the rich. And public health hasn't improve significantly, and the public health would improved dramatically if we just changed our eating habits, for example. But instead, the experts are occupied with making artificial hearts. But if our agro-business had fed us better, instead of chopping down the rain forests in order to make cattle ranches to produce more meat and more red meat which is one of the direct causes of heart attacks, maybe we would not spend so much of our money in artificial hearts. And so, and so on. These are all examples of interconnectedness.
Sonia - Mas não vê que estas novas tecnologias provocam mais problemas do que resolvem. Na medicina, por exemplo. Verificou-se um crescimento espectacular na tecnologia, mas, simultaneamente, os seus custos cresceram em espiral, tornando-se numa medicina para os ricos. E a saúde pública não se desenvolveu significativamente, embora o pudesse ter feito se tivéssemos mudado apenas, por exemplo, os nossos hábitos alimentares. Mas, em vez disso, os especialistas estão ocupados a conceber corações artificiais. Porém, se a nossa agro-indústria nos alimentasse melhor, em vez de derrubar florestas tropicais com o objectivo de as transformar em pastagens para produzir mais carne - a qual é umas das causas directas dos ataques de coração -, talvez não dispendêssemos tanto do nosso dinheiro em corações artificiais. E, etc., etc. Isto são exemplos de interconexão.
Jack - But Sonia ... All right, supposing that you are right. Everything is connected to everything else, as you say. Still you've got to start somewhere, don't you ? So, that's the real political question here. Where do you start?
Jack - Mas Sonia ... Supondo que tem razão, que tudo está ligado com tudo, como afirma, mesmo assim terá de começar por algum lado, não terá? Essa é que é, portanto, a verdadeira questão política. Por onde começar?
Sonia - By changing the way we are seeing the world. You see, you are still searching for the right piece to fix first. You don't see that all the problems simply are fragments of one single crisis, a crisis of perception.
Sonia - Mudando o modo como estamos a encarar o mundo. Você ainda anda à procura da peça certa para a fixar em primeiro lugar. Não entende que todos os problemas são simplesmente fragmentos de uma única crise, uma crise de percepção.
Jack - Oh good, the world is coming to an end and you say it's a crisis of perception. I am sorry, it's a little abstract for me. And all this stuff about modern medicine, all your criticism ... I may be a doctor's son, but I've to admit that this mechanistic medicine has been pretty successful.
Jack - Essa é boa! O mundo aproxima-se do fim e você diz-me que é uma crise de percepção. Lamento, é um pouco abstracto para mim. E toda esta história sobre a medicina moderna, toda essa sua crítica ... Eu posso estar a falar como filho de um médico, mas tenho de admitir que esta medicina mecanicista tem tido bastantes sucessos.
Sonia - Well, up to a point. But simply by blocking the mechanisms of the disease. It doesn't mean healing it. I mean, it is, like in politics, just shifting the problem to another sphere.
Jack - Bom, até certo ponto. Mas fazendo simplesmente bloquear os mecanismos da doença. Isso não significa curá-la. Trata-se, como na política, de deslocar o problema para uma outra esfera.
Jack - Are you going to help me in this without hearing or are you going to leave me stranded in this argument by myself?
Jack - Vais-me dar a tua ajuda ou vais-me deixar sozinho, à deriva, nesta discussão?
Tom - I am going to leave you stranded. I am going to leave you stranded.
Tom - Vou-te deixar à deriva, vou-te deixar à deriva.
Jack - O.k. A person goes to a doctor today with recurring attacks of gall stones and the doctor takes the gall bladder out and lo and behold the pain goes away. Now, you could say that the doctor is working from a poor perceptual model, that he just concentrates on a part of the clock that it was not working and remove it. But the fact is that the patient is out of his pain, is feeling better and the clock is ticking again. This perceptual model worked.
Jack - Está bem. Uma pessoa vai hoje ao médico, com dores periódicas provocados por pedras na vesícula, e o médico remove-lhe a vesícula biliar, e, num ápice, a dor desaparece. Poderá dizer-me que o médico está a operar a partir de um modelo grosseiro de percepção, que ele se concentra apenas numa peça do relógio que não está a trabalhar e que se limita a removê-la. Mas a verdade é que o doente se sente melhor e que o relógio está de novo a trabalhar. Este modelo perceptivo funcionou.
Sonia. - But is everything that works good for the system?
Sonia - Mas tudo o que funciona é bom para o sistema?
Jack- Oh, come on Sonia, that is disingenious, and not at all useful for politics, that is, after all, a system based on people. It's the art of bringing people to agree on a certain course of action. If that course of action succeeds, the people are satisfied, if not, they are not. It is as simple as that. If it works it is good.
Jack - Ora Sonia, isso não é honesto, e de modo nenhum é útil à política, que é, acima de tudo, um sistema baseado em pessoas. É a arte de levar as pessoas a concordarem com um determinado curso de acção. Se esse curso de acção resulta, as pessoas ficam satisfeitas, se não, não ficam. É tão simples quanto isso. Se funciona, é bom.
Tom - Isn't that exactly what you said, why politics doesn't work anymore; that politics, you said, need to become "the art of the impossible"?
Tom - Não é exactamente por esse motivo que tu afirmaste que a política deixou de funcionar, que a política - disseste-o tu - deve tornar-se na "arte do impossível"?
Jack - On whose side are you?
Jack - De que lado é que tu estás?
Tom - Hers, obviously. She is intelligent, gracious and more attractive.
Tom - Do dela, obviamente. Ela é inteligente, amável e mais atraente.
Sonia - Listen, Jack, I would like to go back to the systems. You know, you called me dishonest.
Sonia - Ouça Jack, Gostaria de regressar aos sistemas. Sabe, você chamou-me desonesta.
Jack - No, no.
Jack - Não, não.
Sonia - Let's talk about the gall bladder again. Let's say that the gall bladder is out and the pain is gone. But what about the stress that might have brought the illness on? If that stress persists, he is probably going to get sick again. Or let's say he had changed his nutrition much earlier and done some exercise. He may never have developed the gall stones in the first place. See, a little health education might have been much cheaper than the operation, a lot painless too. But our systems don't encourage prevention, it encourages intervention.
Sonia - Falemos de novo sobre a vesícula biliar. Digamos que a vesícula foi retirada e que a dor desapareceu. Mas o que sucedeu ao stress que pode ter estado na origem da doença? Se esse stress persistir, essa pessoa voltará a ficar doente. Mas imaginemos que ela tinha mudado o seu regime alimentar muito mais cedo e que tinha praticado exercícios físicos. Podia ter-se dado o caso de ela não ter desenvolvido pedras na vesícula. Um pouco de educação para a saúde podia ter sido muito mais económico do que a operação; muito menos doloroso, também. Mas o nosso sistema não encoraja a prevenção, encoraja, antes, a intervenção.
Jack - O.k, you are not disingenious. But to blame all this on a French philosopher, who has been dead for three hundred years, is not a little out of proportion, maybe even a little eccentric?
Jack - Está bem, você não é desonesta. Mas culpar um filósofo francês, que já morreu há trezentos anos, por tudo isto, não é um pouco desproporcionado, talvez até um pouco excêntrico?
Sonia - No. Not if I am right. My point is not to condemn Descartes's thinking, It's simply to recognise his limitations. It might have been extremely useful to perceive the world as a machine three hundred years ago, but that perception today is not only inaccurate, it's actually harmful. We need a new perception of the world.
Sonia - Não. Não se eu tiver razão. O meu argumento não é culpar o pensamento de Descartes. É simplesmente reconhecer as suas limitações. Pode ser que há trezentos anos tivesse sido extremamente útil perceber o mundo como uma máquina, mas hoje essa percepção não só é inexacta como é efectivamente nociva. Precisamos de ter uma nova percepção do mundo.
Jack - What's that quotation ? " It's foolish for a society to try to cling to its old ideas in new times just as it' s foolish for a grown man to try to squeeze into the coat that fit him in his youth." Something like that. Thomas Jefferson
Maybe you're not so crazy, after all.
Jack - Como é aquela citação? "É tão insensato uma sociedade procurar agarrar-se a ideias antigas em tempos novos, como é insensato um homem de idade tentar comprimir-se no casaco que lhe serviu na juventude." Mais ou menos isto. Thomas Jefferson.
Talvez você não seja tão louca assim.
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Tom - I don't know Sonia, this new vision of the world might just be some sort of millenarian madness, some kind of St. Vitus dance of the mind, as we approach the year 2000.
Tom - Não sei Sonia, esta nova visão do mundo pode bem ser uma espécie de loucura milenarista, uma espécie dança de S. Vitus, à medida que nos aproximamos do ano 2000.
Jack - No, everybody is aware now. We can get ourselves extinct at the press of a button and we are soiling every square foot of land, sea, and air. That water looks clean, but it's not, is it? Not really. The English Channel is one of the most polluted bodies of water in the world. And the oysters around here are famous, aren't they? Soon, they wouldn't be safe to eat.
Jack - Não. Estamos todos hoje conscientes de que nos podemos extinguir com o simples premir de um botão e de que estamos a conspurcar todo o metro quadrado de ar, mar e terra. Aquela água parece que está limpa, mas não está. Não é verdade? O Canal da Mancha é um dos cursos de água mais poluídos do mundo. E as ostras aqui à volta são famosas, não são? Em breve não serão comestíveis
Sonia - That water is radioactive, contaminated by a nuclear plant a few miles from here.
Sonia - Aquela água está radioactiva, contaminada por uma central nuclear que está situada a algumas milhas de distância daqui.
Jack - Yes, I read about that too. Politicians can read. I know all that about these things, and some of us think about them everyday. I know I do. But we have to deal with a different set of constraints, different kinds of interdependence from the ones you are talking about. Let's say it turns out to be true, that what you said is true: cattle are bruttaly treated, loaded up with chemicals, too much red meat is bad for you, the landscape is being wrecked by over grazing. Let's say that all that turns out to be true. So, for good health and a hundred other reasons I help on heart attacks by lowering the consumption of red meat, the way we tax tobacco to make people think twice on that kind of consumption.
Jack - Sim, eu também li sobre isso. Os políticos sabem ler. Conheço bem todo esse tipo de problemas, e alguns de nós até pensam neles diariamente. Eu faço-o. Nós, porém, temos de lidar com um outro tipo de limitações, com outras formas de interdependência, diferentes das que tem vindo a falar. Digamos que é um dado assente, que aquilo que afirmou é verdadeiro, que o gado é brutalmente tratado, encharcado em químicos, que a carne em excesso é prejudicial à saúde, que a natureza é violada por excesso de criação de gado. Digamos que tudo isso é um dado verdadeiro. Então, em nome da saúde pública, e por mil outras razões, eu tomo a decisão de fazer baixar o consumo de carne, de taxar o tabaco de forma a levar as pessoas a pensarem duas vezes nesse tipo de consumo.
Sonia - What a wonderful idea. We could do cancer and heart research with the revenue.
Sonia - Que ideia formidável. Com o dinheiro dos impostos, podíamos fazer investigação médica sobre o coração e o cancro.
Jack - Yes, and I would have fifteen lobbiers pounding on my door, while a hundred different meat producers, political action comittees poured money into my opponents's campaign and my switch board was lit up all day long with calls from senators and representatives and governors of all the meat producers states. But o.k Sonia, just for you, let's say that I take all that argument. As Sam Raven said, "every once in a while, a man ought to do something because it's right". But if on top of that, I came up against a few weapons programs and tried to do something about acid rains and sponsored a bill supporting increasing funding for solar energy, you know what? - by the next election anybody who would run against me, and, I mean, anybody would have the combined funds of all those people to defeat me. And he would too, and I'm not even saying that it is wrong, because when you get that far out in front of the public opinion, that's the way they let you know. So, I do what everybody else does, from the lowest congressman right up to the President of the United States: I pick up a few crucial issues - that I think crucial - a part of your whole and I persist until I get somewhere, if I'm lucky. For the rest, I mark time, I wait, I go along, I trade off ...
Jack - Sim, e eu teria quinze influentes 'lobbies' a bater à minha porta, ao mesmo tempo que uma centena de produtores de carne e de diferentes comités de acção política davam dinheiro para a campanha dos meus opositores políticos e o meu telefone entupia com chamadas contínuas de senadores e representantes e governadores de todos os estados produtores de carne. Mas está bem Sonia, dou de barato, digamos que eu assumo toda essa argumentação. Como disse Sam Raven, "uma vez por outra uma pessoa tem de fazer algo só porque isso está certo". Mas se, para além disso, eu aparecer a denunciar alguns programas de armamento, se tentar fazer algo acerca das chuvas ácidas, se apoiar uma lei que defenda a criação de um fundo para o desenvolvimento da energia solar, então é bom que fique sabendo que nas próximas eleições qualquer outro candidato que concorra comigo, e esta é a pura verdade, qualquer outro candidato obterá os apoios combinados de todos aqueles que me querem ver derrotado. E consegui-lo-á.também - e com isto nem estou a dizer que está errado -, porque ao adiantarmo-nos demasiado em relação à opinião pública, a sua maneira de no-lo dar a conhecer é essa. Portanto, eu faço o que todos os outros fazem, do mais insignificante congressista ao Presidente dos Estados Unidos da América: escolho alguns temas cruciais - ou que eu penso serem cruciais - do todo a que você se refere, e persisto até conseguir chegar a algum lado, se tiver sorte. No mais, limito-me a marcar o ritmo, aguardo, alio-me, negoceio ...
Sonia - This is why I don't vote. This is what we've been talking about. You get people to eat less red meat and then you do something like paying off the farmers buying up surplus butter and subsidizing the price. So if you don't get heart attack one way you just find another way to give it to us.
Sonia - Eis porque eu não voto. É disso que temos estado a falar. Vocês são capazes de levar as pessoas a comer menos carne e depois fazem coisas como pagar aos agricultores, comprando os excedentes de manteiga e subsidiando os preços. Portanto, se não se tem um ataque de coração duma maneira, vocês acham outra maneira de no-lo provocar.
Jack - Well, I agree with you. We wouldn't contradict each other or we wouldn't contradict ourselves so much if we didn't do things piecemeal. But, you know, there is something a little scary, maybe something a little cruel about your theoretical agency. I mean, are you going to be the one who tells everyone what's good for them, are you going to tell a farmer that there is something wrong with the goals that he and his family have pursued for generations, and then, what, just shut them down? You know, maybe we are beaten up all day long by private interests, but, at least, our government now stays close to what people perceive to be their needs.
Jack - Eu concordo consigo. Não estaríamos em contradição um com o outro, nem conosco mesmo, se não agíssemos de forma desgarrada. Mas, sabe, há algo um pouco assustador, talvez até um pouco cruel, nesse seu agenciamento teórico. É você quem vai dizer a todas as pessoas o que é bom para elas, é você quem vai dizer a um agricultor que os objectivos que ele e a sua família prosseguem há gerações estão errados, e a seguir, faz o quê, manda fechar ? Sabe, talvez sejamos massacrados diariamente por interesses privados, mas, pelo menos, o nosso governo está próximo daquilo que as pessoas assumem como sendo as suas necessidades.
Sonia - Look, the world changes faster than peoples's perceptions. Wouldn't it be a challenge for a great political leader to bridge the gap, to inform, to allow us to feel responsibility? Anyway, the people don't trust you, politicians, anymore. In the last elections only fifty per cent of them even bothered to vote.
Sonia - Olhe, o mundo muda mais rapidamente do que a percepção das pessoas. Não seria um desafio para um grande líder político diminuir o fosso, informar, levar as pessoas a sentirem-se responsáveis. A verdade é que as pessoas deixaram de acreditar nos políticos. Nas últimas eleições apenas cinquenta por cento ainda se deram ao incómodo de votarem.
Tom - Yes, getting them back would really require a politics of the impossible.
Tom - Sim, para regressar de novo às urnas, vote na política do impossível.
Jack - What a great campaign slogan. Where were you when I needed you?
Jack - Que grande slogan de campanha. Onde é que estavas, quando precisei de ti?
Tom - I vote for you!
Tom - Eu votei em ti!
Jack - Oh good, I got the poet's vote.
Jack - Óptimo, consegui o voto do poeta.
Sonia - "Politics of the impossibe." Maybe you might get my vote too.
Sonia - "A política do impossível" . Talvez eu lhe dê o meu voto também.
Jack - Great, I get the support of well-informed but non-participant women living on medieval islands. That's no victory.
Jack - Formidável ! Obtenho o apoio de mulheres bem informadas, mas não participativas, vivendo em ilhas medievais. Isso não me dá a vitória.
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Jack - Why does that make me angry?
Jack - Porque é que isto me deixa zangado?
Tom- Probably because they don't have anything to do with us. They don't believe in us. There isn't really any reason why they should, Jack, except their own eventual aging.
Tom - Provavelmente porque não têm nada a ver connosco. Eles não acreditam em nós. Não têm de facto nenhuma razão para acreditarem, Jack, excepto quando envelhecerem
Jack - No, they didn't even notice where they are. They think this is the movies, but this is absolutely contemporary. Everybody has got a torturer chamber now. They didn't even notice. Are you going to say that this is part of your crisis of perception, too?
Jack - Não, nem sequer deram conta onde estavam. Acham que isto é como nos filmes, mas isto é absolutamente contemporâneo. Todos têm hoje em dia uma câmara de tortura. Eles nem repararam nisso. Vai-me dizer que isto também faz parte da sua crise de percepção?
Tom - Maybe we are a little inclined towards death, like wolves to the weak, or maybe people are just shit, hum?
Tom - Talvez tenhamos uma pequena inclinação para a morte, como os lobos para os inocentes, ou talvez as pessoas sejam apenas merda, hum?
Jack - You like to blame Descartes, I like to blame anybody, but this is such a part of human history.
Jack - Você gosta de culpar Descartes. Eu não gosto de culpar ninguém, mas isto é uma parte significativa da história da humanidade.
Sonia - Well, I don't know about Descartes, but I do know that Francis Bacon presided over the witch trials of James the first, at a time when hundreds of women were tortured or burnt for practicing folk medicine or worshiping pre-christian goddesses or simply because they were unusual. I would probably have ended on the stake myself. See, I don't believe it was a metaphor when Francis Bacon wrote that "nature had to be hounded, bound into service, made a slave". He even said that scientists, with their new mechanical devices, had to torture nature's secrets out of her. Did you know this, how he uses her when describing mother nature, as if nature was nothing but a witch? Yes, it's actually fair to say this room represents a crisis of perception.
Sonia - Bem, eu não sei o que aconteceu com Descartes, mas sei muito bem que Francis Bacon presidiu a tribunais de feiticeiras no reinado de Jaime I, numa altura em que centenas de mulheres eram torturadas ou queimadas por praticarem medicina popular ou por adorarem deusas pré-cristãs ou, simplesmente, porque eram invulgares. Eu teria muito provavelmente ardido na fogueira. Creio que não foi uma metáfora quando Francis Bacon escreveu que a "natureza tinha de ser perseguida, submetida, feita uma escrava". Ele chegou mesmo a dizer que os cientistas, com os seus novos recursos mecânicos, deviam extorquir, sob tortura, os segredos da natureza. Tinha conhecimento disto, da maneira como Bacon, ao descrever a natureza, a define, como se ela não fosse mais do que uma feiticeira? Sim, é de facto justo dizer que esta sala representa uma crise de percepção.
Jack - But this room is here for a long time before Descartes and Bacon. Well, this goes on no matter how mankind understands the world, doesn't it, and exploitation? Of course we would like to think it would be different if we saw things differently.
Jack - Mas esta sala já aqui estava há muito tempo, antes de Descartes e de Bacon. E isto vai continuar, independentemente do modo como a humanidade percepciona o mundo e o explora? Claro que gostaríamos de pensar que as coisas seriam diferentes se as víssemos de forma diferente.
Sonia - Hasn't modern science, technology, bussiness done exactly what Francis Bacon preached, tortured our planet? Didn't we just implement the old patriarchal idea about man dominating all?
Sonia - A ciência moderna, a tecnologia e o comércio não fizeram exactamente o que Francis Bacon pregou: torturar o nosso planeta? Não nos limitámos a implementar a velha ideia patriarcal do homem a dominar tudo?
Jack - Well, Sonia, let me be the devil's advocate here for a minute. How much have we really tortured and hounded the planet? You could say, not much compared to, put it, what the ice ages did to the world, for example And who says that nature can't cope? We're all scared to death about the disappearing of the ozone layer, but we only started studying ozone levels ten years ago. It could be that these so called holes in the atmosphere could be appearing and then disappearing again, since the beginning of times, couldn't it be? It could be that nature has a healing mechanism we don't even know about, it could be that this hysteria about ultra-violet rays is nothing more than just that, just hysteria.
Jack - Bom, Sonia, deixe-me ser aqui o advogado do diabo por uns instantes. Qual a medida de tortura e de escravização a que submetemos o planeta? Não muito grande, comparada, por exemplo, com o que a idade glaciar fez ao mundo. E quem nos diz que a natureza não pode cooperar? Estamos apavorados com o desaparecimento da camada de ozono, mas só há dez anos é que demos início ao estudo dos níveis de ozono. Pode ser que, desde o começo dos tempos, estes chamados buracos na atmosfera tenham aparecido e desaparecido, não pode? Pode ser que a natureza tenha um mecanismo de defesa que nós desconhecemos. Pode ser que esta histeria sobre os raios ultra-violetas não seja mais do que isso mesmo, apenas histeria.
Sonia - That's exactly what they said about the german forests only a few years ago, and look at them now; more than half of the trees in the Black Forest are dying. We can't explain it that way any longer, we simply cannot take the risk. And right here, around this island, the tides are slowing down maybe because of silt building up, from garbage being dumped in the bay or from the abuse of fertilisers. Lakes can die, entire oceans become poluted,. top soils, forests, water poisoned, dead. Things can change so fast in the hands of man. Nature becomes fragile. Rain becomes acid.
Sonia - Também disseram isso sobre as florestas alemãs há uns anos atrás, e agora veja como estão: mais de metade das árvores na Floresta Negra estão a morrer. Não podemos continuar a utlizar esse tipo de explicações, não podemos, pura e simplesmente, assumir esse risco. E mesmo aqui, à volta desta ilha, as marés estão a diminuir a sua actividade, provavelmente por causa do assoreamento provocado por lixo deitado ao mar, ou devido ao uso de fertilizantes. Os lagos podem morrer, os oceanos estão a ficar completamente poluídos, as florestas estão a desaparecer, a água é envenenada, e morre. As coisas podem mudar tão rapidamente nas mãos do homem. A natureza torna-se frágil. A chuva torna-se ácida.
Tom - I agreed with everything you said, but why this patriarchal fixation, hum? I mean, In Salem those women witches were betrayed by other women. Tilla Slevish, a woman, has written that "God's greatest gift to mankind is the atom bomb". I mean, she is a woman. Why can't you just say what's patriarchal is evil in both man and woman and let it go at that. There's plenty of that to go around. That's, of course, unless you happen to believe these women were brain-washed by man, like Patty Hearst?
Tom - Eu concordo com tudo o que disse, mas porquê essa fixação no patriarcal, hum? Em Salem aquelas mulheres feiticeiras foram traídas por outras mulheres. Tilla Slevishe, uma mulher, escreveu que "a maior dádiva de Deus à Humanidade foi a bomba atómica". Foi uma mulher. Porque não diz apenas que o patriarcal é o mal, tanto no homem como na mulher, e pronto. É o que não falta por aí. Isto é evidente, a menos que queira acreditar que essas mulheres foram sujeitas, como Patty Hearst, a uma lavagem ao cérebro pelos homens?
Sonia - Why is this so scornful? Look, there are two great principles functioning in this entire living world: the male principle - pick the adjective, the aggressive, dominating, whatever - and the female principle, bear children, care taking, gentle, whatever. What I am saying is that these two principles may have been in a rough balance. But now the man - and yes, I do think it is the man - has created the tools, the weapons, both intellectually and physically to bring these two principles out of balance. We have been placing mechanistic tools in the hands of power oriented, patriarchal people. I am saying that you, men, are out of control, now. And I, you, we all are the victims. So, what's the risk, what's the wrong of giving the female principle an opportunity?
Sonia - Porque é que isso é tão desprezível? Olhe, existem dois grandes princípios neste mundo vivo: o princípio masculino - escolha o adjectivo que quiser, agressivo, dominador - e o princípio feminino, portador de vida, cuidadoso, gentil, ou o que queira. Mas actualmente o homem - e sim, penso mesmo que é o homem - criou as armas, quer intelectuais quer físicas, capazes de desequilibrar estes dois princípios. Temos vindo a colocar meios mecanicistas nas mãos de patriarcas movidos pelo poder.
O que eu digo é que vocês, homens, estão, presentemente, descontrolados. E eu, você, nós todos somos vítimas. Portanto, onde é que está o risco, onde é que está o mal em dar-se uma oportunidade ao princípio feminino?
Tom - What shall I say. Let's get out of this room, it's having a torturer effect on our relationship.
Tom - O que hei-de dizer. Vamos deixar esta sala, está a provocar um efeito torturador na nossa relação.
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Tom - Look Sonia, I' m sorry if I ruffled your feathers down there. You know, I am a failed husband, so I am too sensitive about all that stuff. I am also a starving poet and a bad teacher, And Jack, here, is also a middle life casualty, except that his wife is still around. I don't know, maybe there is a connection in that somewhere for you. What do you do? What brings you to this far out remote place?
Tom - Olhe, Sonia, desculpe-me se a pus iriçada lá em baixo. Sabe, sou um marido fracassado e, por isso, demasiado susceptível a toda essa conversa. Sou também um poeta faminto e um mau professor. E aqui o Jack é também outro desastre na meia idade, excepto que a sua mulher ainda está por perto. Não sei, talvez você consiga ver nisto tudo alguma conexão. O que é que você faz? O que a traz a este remoto e longínquo lugar?
Sonia - Well, let's see, I'm a scientist ... still. Even though I am in a semi-permanent sabbatical.
Sonia - Bom, vejamos, sou uma cientista ... até ver. Muito embora esteja numa semi-sabática duradoura.
Tom - How come?
Tom - Como aconteceu isso?
Sonia - I've got tired of seeing my work fed to the U.S. military department. I am a physicist. The only woman in my graduate department. The first in Norway doing quantum field theory. My speciality was lasers. At that time the challenge was to design lasers of shorter wave lengths. The shorter the wave length, the more powerful the laser. Our ultimate goal was to create an x ray laser. And one day I hit upon an unusual idea which turned out, led to a major advance in that x ray laser. Well, when you do something like that, science treats you very well. I got many attractive offers, first from Paris and then from the States, and I took them. Finally working quite happily in Boston. Until one day, I discovered, totally unexpectedly, that my work was being perverted. See, I had always looked at the medicine applications of my work, of using this laser to provide holographic images of cells, even molecules. It could have helped us to solve so many puzzles. Even the formation of cancer cells. But what really happened was that a more sophisticated version of my idea was being used in the star-wars programme. And it blew my mind. It made me to reavaluate my whole profession. Anyway, to cut it short, in the midst of all the events I just got up and left.
Sonia - Cansei-me de ver o meu trabalho alimentar o departamento militar dos Estados Unidos. Sou uma física. A única mulher num departamento de doutorados. A primeira na Noruega a aplicar a teoria do campo quântico. A minha especialidade eram lasers. Naquela altura, o desafio era conceber lasers de ondas curtas. Quanto mais pequeno o comprimento de onda, maior o poder do laser. O nosso objectivo último era criar um raio x laser. Um dia, dei com uma ideia invulgar, que, bem sucedida, levou a um avanço significativo na concepção daquele raio x laser. Quando se faz algo assim, a ciência trata-nos muito bem. Recebi várias ofertas atraentes, vindas primeiro de Paris e depois dos Estados Unidos, e aceitei-as. Por fim, fiquei a trabalhar em Boston com grande satisfação. Até que um dia descobri, de forma completamente inesperada, que o meu trabalho estava a ser pervertido. Procurei sempre que o meu trabalho tivesse aplicações no campo da medicina, e pretendi utilisar este laser para obter imagens holográficas de células, até mesmo de moléculas. Podia ter ajudado a resolver muitos enigmas. Até mesmo o da formação de células cancerosas. Mas, de facto, o que aconteceu foi que, entretanto, uma versão mais sofisticada da minha ideia estava a ser utilizada no programa da guerra das estrelas. E a minha mente estoirou. Fez-me reavaliar toda a minha profissão. De modo que - e para abreviar -, no meio de todos esses acontecimentos, saí e vim-me embora.
Tom - What were "all the events", if I may ask.
Tom - Quais foram "todos esses acontecimentos", se posso saber.
Sonia - My experience is not all that different from yours, I suppose. I left Boston and eventually I've come here. I just came one day from Paris and the place took hold of me. I kept coming back; well there were weeks here when the storms chassed the tourists away and I had this place all for myself. I started to look at how my special knowledge of subatomic physics relates to the way I perceive the world at large. And I don't know, but I think I have something to say after my time here. I don't know yet if it would fit into a coherent whole, but this is what I think about when I take my morning walks, which today, for some reason, brought me to you two. See, every morning I walk across the island regardless of the weather, trying to understand its other languages.
Sonia - A minha experiência, creio, não é assim tão diferente da sua. Deixei Boston e acabei por vir parar aqui. Um dia, vim de Paris e o lugar arrebatou-me. Passei a vir com frequência. Nas semanas em que as tempestades afugentavam os turistas eu podia ficar com todo este lugar para mim. Comecei a entrever como é que o meu conhecimento especial em física subatómica pode relacionar-se com o modo como percepciono o mundo em geral. E não sei, mas penso que tenho alguma coisa a dizer depois de todo este tempo passado aqui. Não sei se fará um todo coerente, mas é nisso que penso ao fazer o meu passeio matinal, que, por alguma razão, hoje trouxe-me até vós. Todas as manhãs, independentemente do tempo que faça, eu caminho pela ilha procurando entender as suas outras linguagens.
Tom - "The stones speak, and I am silent."
Tom - "As pedras falam, eu estou em silêncio."
Sonia - Something like that, yes. That's from a poem, isn'it?
Sonia - Algo semelhante a isso, sim. Isso é de um poema, não é?
Tom - Well, maybe, I don't know, you know. Do you ever write down any of your thoughts?
Tom - Bem, talvez, não sei. Costuma registar os seus pensamentos?
Sonia - Oh, yes, all the time. I like to compile notes into a book. I call it " Ecological Thinking". I suppose as opposed to Cartesian thinking.
Sonia - Oh, sim, a toda a hora. Gosto de compilar as minhas notas num livro a que chamo "Pensamento Ecológico". Suponho que se opõe ao pensamento cartesiano.
Jack - Cartesian?!
Jack - Cartesiano?!
Tom - Yes, Descartes wrote latin, his latin name was Cartesius, hence Cartesian.
Tom - Sim, Descartes escreveu latim e o seu nome latino era Cartesius; daí cartesiano.
Jack - Really? I thought it mean map-like, like a map.
Jack- Verdade? Pensei que significava igual a um mapa, como um mapa.
Tom - You thought map as 'à la carte'?
Tom - Pensastes em mapa como se fosse 'à la carte'?
Jack - Yes, like a menu.
Jack - Sim, como um menu.
Tom - Then his name would have been "menusian".
Tom - Então nesse caso o seu nome teria sido "menusiano".
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Sonia - I like to think of this ecological way of thinking as a new way of looking at things, to help us overcome this crisis of perception. See, what I found here is that to think in an ecological way simply makes more sense of everything. It gives me a much finer grasp of reality. It gives me strength.
Sonia - Gosto de encarar este modo de pensar ecológico como uma maneira nova de perceber as coisas, como uma forma de ajudar a ultrapassar esta crise de percepção. O que aqui descobri é que pensar de maneira ecológica faz com que tudo faça simplesmente mais sentido. Fornece-me uma melhor compreensão da realidade. Dá-me força.
Jack - Knowledge is power?
Jack - Saber é poder?
Sonia - Yes, but in the sense of personal empowerment not that old male urge for power over others.
Sonia - Sim, mas no sentido de autoridade pessoal, não no sentido daquele velho e masculino apetite de poder sobre os outros.
Jack - Descartes's evil empire again!
Jack - Novamente o império do mal de Descartes!
Sonia - Descartes had a dream. It was really Isaac Newton who made that dream come true, who transformed it into scientific theory, into power.
Sonia - Descartes tinha um sonho. De facto foi Isaac Newton quem fez com que esse sonho se tornasse realidade, quem o converteu numa teoria científica, em poder.
Tom - "May God us keep from single vision and Newton's sleep." - William Blake.
Tom - "Que Deus nos proteja da visão única e do sonho de Newton". - William Blake.
Sonia - I'm very impressed.
Sonia - Fico impressionada.
Tom - No, you two have a lot in common, a lot to talk about. He was writing in poetry two hundred years ago what you are saying today in prose. He hated Newton, he hatred this concept of single vision, he dedicated his entire life to making art to deny single vision. Of course, people of his time thought he was a crack.
Tom - Não, vocês os dois têm muito em comum, têm muito para conversar. Ele escreveu há duzentos anos em poesia o que você diz hoje em prosa. Ele odiava Newton, odiava o seu conceito de visão única, e dedicou a sua vida inteira a fazer uma arte que negasse a visão única. Claro que as pessoas do seu tempo pensaram que ele era um impostor.
Sonia - Hum, whereas they revered Newton almost like a God. By reducing all physical phenomena to the motion of material particles, the motion caused by the force of gravity, he was able to describe the exact effect of gravity on every object with precise mathematical equations. We called them Newton's laws of motion. Really, the great achievement of seventeeth century science.
Sonia - Hum, enquanto Newton era venerado quase como um Deus. Ao reduzir todos os fenómenos físicos ao movimento de partículas da matéria, o movimento provocado pela força da gravidade, ele conseguiu descrever, com rigorosas equações matemáticas, o preciso efeito da gravidade em todos os objectos . Designamo-las por leis do movimento de Newton. Na realidade, o grande empreendimento do século dezassete.
Tom - You mean, all that stuff that I slept through in high school, like any good poet, the square root of the hypotenusa divided by a pinch of magnesium, all that stuff?
Tom - Quer dizer toda aquela tralha que - como um bom poeta - dava-me sono no liceu, a raiz quadrada da hipotenusa, divididida por uma porção de magnésio - toda aquela chatice?
Sonia - Well, in the right hands - how should I say - arouse minds , these equations seemed to work beautifully.
I could use Newtonian equations to calculate and explain every motion of that throw, from the ballistic curve to the ripples in the water-sea. See, this was a pick so impressive for the time, that newtonian mathematical system immediately established itself as the correct theory of reality, the ultimate laws of nature. Descartes' dream of the world as perfect as a machine was now an established fact . It brought with it such a wealth of benefits for people - people could do things that they had never been able to do before. It was irresistible. And, of course, the old notions of the world as a living organism were swept away.
Sonia - Bem, nas mãos certas - como hei-de dizer -, em mentes lúcidas, essas equações pareciam operar lindamente.
Eu podia calcular e explicar cada movimento deste lançamento, desde a curva balística às ondulações na água do mar.
Foi um sucesso de tal modo impressionante para aquele tempo que o sistema matemático newtoniano estabeleceu-se imediatamente como a teoria correcta sobre a realidade, como as leis últimas da natureza. O sonho de Descartes de um mundo perfeito como uma máquina ficou então factualmente estabelecido. Trouxe uma tal quantidade de benefícios que as pessoas passaram a fazer coisas que nunca tinham podido fazer anteriormente. Era irresistível. E, claro está, a velha noção do mundo como um organismo vivo foi simplesmente varrida.
Jack - So, what's wrong with Newton?
Jack - Então qual é o erro de Newton?
Sonia - Ke ! ? This is my daugher Ke and her friend Roman. Ke, this is Thomas Harrigam and his friend Jack Edwards.
Sonia - Ke!? Esta é a minha filha Ke e o seu amigo Roman. Ke, este é Thomas Harrigam e o seu amigo Jack Edwards.
Ke - Yes, Jack Edwards!
Ke - Sim, Jack Edwards !
Jack - What do you think of this ecological view of your mother's?
Jack - O que pensa desta visão ecológica da sua mãe?
Ke - That's o.k.
Ke - É o.k
Sonia - Ke is utterly bored hearing me talk about it.
Sonia - Ke está completamente saturada de me ouvir falar dela.
Ke - Yes. Nice to meet you. See you later.
Ke - Sim. Prazer em conhecer-vos. Até logo.
Jack - So, she's living here with you?
Jack - Ela está então a viver aqui consigo?
Sonia - No, she's in the first year in College. She's on a break. But right now, yes, I think she's utterly bored to live here with me.
Sonia - Não, ela está no primeiro ano da universidade. Está de férias. Mas neste momento, sim, acho que está muito aborrecida em estar aqui comigo.
Jack - I don't understand that. I have two of my own.
Jack - Não consigo entender isso. Eu tenho dois fihos.
Tom - I had, I mean, I have one.
Tom - Eu tive, quero dizer, tenho um.
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Sonia - You know, it's no accident that Turner painted light when he did. All that light became the inspiration of the impressionists. The nature of light became an obsession with the physicist too. See, none of them could visualize how the light of the sun reaches the earth.
Sonia - Não é por acaso que Turner pintou a luz da maneira que pintou. Toda aquela luz foi uma fonte de inspiração para os impressionistas. A natureza da luz tornou-se uma obsessão também para os físicos. Nenhumm foi capaz de representar o modo como a luz solar chega à terra.
Tom - Why? What is the nature of light?
Tom - Porquê ? Qual é a natureza da luz?
Sonia - To understand the nature of light, you have to know what matter is made of.
Sonia - Para se perceber a natureza da luz, tem de se saber de que é contituída a matéria.
Tom - I thought it was made of atoms.
Tom - Pensei que era feita de átomos.
Sonia - What's an atom? Newton thought it was small, solid particles, but that's not what scientists saw when they observed atoms for the first time. What they saw was totally, unexpected and shocking.
Sonia - O que é um átomo? Newton pensou que eram partículas pequenas e sólidas, mas não foi isso o que os cientistas viram quando observaram pela primeira vez os átomos. O que eles viram foi algo totalmente inesperado e chocante.
Tom - You mean, when they discovered that atoms were made of even smaller particles with their nucleus and with electrons whirling around them?
Tom - Quer dizer, quando descobriram que os átomos eram feitos de partículas ainda mais pequenas com os seus núcleos e electrões girando à sua volta?
Sonia - Not only that. They were moving in relatively vast regions of empty space. That's what shocked the scientists up. Atoms consist mainly of empty space.
Sonia - Não apenas isso. Eles moviam-se em vastas regiões de espaço relativamente vazio. Foi isso que chocou os cientistas. Os átomos são fundamentalmente espaço vazio.
Jack - What does that mean, "vast regions of empty space"? Atoms are tiny.
Jack - O que é que isso quer dizer, "vastas regiões de espaço vazio". Os átomos são minúsculos.
Sonia - Yes, they are. This is what is so hard to visualize. See, the size of atoms is so far removed from our ordinary sense of scale and proportion that it is extremely hard to get a feeling for the relative sizes and distances of their particles. Ask yourself: how many atoms are there in an orange? Now, to answer this you' ll have to blow the orange to a size you can actually see the atoms. You 'll have to blow up the orange until it reaches the size of the earth. The atoms inside of it will then be the size of cherries, myriads of cherries tightly packed into an orange, the size of the earth.
Sonia - Sim, pois são. É isso que é tão difícil de ser visualizado. O tamanho dos átomos está tão longe do nosso sentido ordinário de escala e de proporção que é extremamente difícil ter a percepção das dimensões e das distâncias relativas das suas partículas. Coloque a si mesmo a pergunta: quantos átomos existem numa laranja? Para responder a isso terá de soprar a laranja até uma grandeza em que possa realmente ver os átomos. Terá de soprar a laranja até alcançar o tamanho da Terra. Os átomos dentro dela terão então o tamanho de cerejas, miríades de cerejas compactadas numa laranja com o tamanho da terra.
Tom - Huhau! What an image. I am serious, I was trying to shrink the earth orange back down to the size of an orange, and imagining all those cherries wizening around inside made me dizzy. This is a dangerous height to be dizzy at. But o.k, you say that the atom is the size of a cherry and in that cherry / atom there is all that empty space, but what about the nucleus? There is a nucleus in there ? Right? How big is that ? That's where we are going here, isn't it?
Tom - Huahau! Que imagem. A sério, procurei reduzir a laranja/terra ao tamanho de uma laranja, e a imagem de todas aquelas cerejas a rodopiar no seu interior fez-me ficar tonto. Isto é um lugar demasiado alto para se ficar tonto. Mas, está bem, diz que o átomo tem o tamanho de uma cereja e que nessa cereja/átomo existe todo esse espaço vazio, mas então e o núcleo? Há lá um núcleo? Certo ? Que tamanho é que tem? É aí que queremos chegar, não é?
Sonia - Invisible, it's the answer. If we blow up the atom to the size of a foot ball, the nucleus would still be invisible. If we blow up the atom to the size of a sphere that would fit into this room here, the nucleus would still be invisible.
Sonia - É invisível, eis a resposta. Se soprássemos o átomo até ter o tamanho de uma bola de futebol, o núcleo continuaria a ser invisível. Se soprássemos o átomo até ter o tamanho de uma esfera que coubesse aqui nesta sala, o núcleo continuaria a ser invisível.
Jack - What if you would blow up to the size of this island, to the size of the rock we are standing on?
Jack - Então e se soprasse até ter o tamanho desta ilha, o tamanho do rochedo em que nos encontramos?
Sonia - O.k. If we would blow the atom, the cherry up to the size of this island, o.k, then the nucleus would be the size of a small pebble. Something like that. And the electrons would be much smaller still. We would have to look for them all the way down there, at the edge of the island. And the whole space in between would be empty.
Sonia - O.k., se soprássemos o átomo/cereja até ter o tamanho desta ilha, então o núcleo teria o tamanho de um pequeno seixo. Mais ou menos assim. E os electrões seriam ainda mais pequenos. Teríamos de os procurar em redor, lá em baixo, na cintura desta ilha. E todo o espaço intermédio seria vazio.
Jack - That's fantastic.
Jack - É fantástico.
Tom - It's weird, it's even more weird than poetry.
Tom - É insólito, é ainda mais insólito do que a poesia.
Jack - So, what you are saying is that if there were a sphere large enough to contain this whole island, what it would consist of is a pebble and a few grains of sand. That's all this huge sphere contains? In other words, it's nothing, it's empty. But if this rock is made up of spheres like that, then, what makes it so solid, why can't I pass my hands through it, why don't we fall through it?
Jack - Então, o que me está a dizer é que se existisse uma esfera que fosse suficientemente grande para conter toda esta ilha, ela consistiria apenas num seixo e nalguns grãos de areia. Era tudo o que esta enorme esfera conteria? Mas se esta pedra é feita desse tipo de esferas, então o que é que a torna sólida, porque é que eu não consigo fazer passar as minhas mãos através dela, porque é que não conseguimos atravessá-la?
Tom - Yes, why don't we fall through everything? Why doesn't everything fall through everything?
Tom - Sim, porque é que não atravessamos tudo, porque é que tudo não atravessa tudo?
Sonia - Well, you see, this was the obvious question that physicist had to ask.
Sonia - Bem vêem, era essa a questão óbvia que os físicos tinham de responder.
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Sonia - Now remember that all the newtonian concepts were based on things that could actually be seen, what's visualized. What they were now finding in this strange and unexpected world were concepts that could no longer be visualized. And when they went on, battling with this absurd phenomenon of atomic physics, they were forced to admit to themselves that they did not have a language, not even an adequate way of thinking to describe the new discoveries. They were forced to think intirely new ways, in terms of radically new concepts. To understand why matter is so solid, they had to question the conventional ideas about the very existence of matter. And after many frustrating years they were forced to admit that matter does not exist with certainty in definite places, but rather shows tendencies to exist.
Sonia - Não se esqueçam que todos os conceitos newtonianos baseavam-se em coisas que podiam, de facto, ser vistas, que podiam ser visualizáveis. O que agora os cientistas descobriam neste estranho e inesperado mundo eram conceitos que deixavam de poder ser visualizados. E ao prosseguirem, lutando com este fenómeno absurdo da física atómica, foram obrigados a admitir que não possuíam uma linguagem, nem sequer um modo adequado de pensar, de descrever as novas descobertas. Foram obrigados a pensar em moldes inteiramente novos, em termos conceptuais radicalmente novos. Para compreender porque é que a matéria é tão sólida tiveram de questionar as ideias convencionais acerca da própria existênca da matéria. E, depois de muitos anos de frustração, foram forçados a admitir que a matéria não existe bem determinada em lugares definidos, mas, antes, demonstra tendências para existir.
Jack - Tendencies? What the hell does that mean?
Jack - Tendências ? O que diabo quer isso dizer?
Sonia - Now, let's say we want to observe an electron out there. Now, we cannot say that it is in a definite place. We rather say that it has a tendency to be out there in the front rather than in the back, or here to the left, rather than over there, to the right. In scientific language, we actually don't speak about tendencies, we speak about probabilities.
Sonia - Digamos que queremos observar um electrão ali. Não podemos dizer que está num lugar definido. É preferível dizer antes que tem uma tendência para estar ali em frente, em vez de estar atrás, ou aqui, à esquerda, em vez de estar ali, à direita. Na linguagem científica, não falamos, na verdade, em tendências, falamos em probabilidades.
Jack - I think I remember voting for a bill in the Senate that gave some physicists a lot of money for a detector, that they said would tell exactly where an electron is. Were we being cheated?
Jack - Julgo recordar-me de ter votado uma lei no Senado que deu uma data de dinheiro a físicos para um detector que, segundo eles, dir-lhes-ia exactamente onde é que um electão se encontra. Será que fomos enganados?
Sonia - Not at all. The strange thing is that when you actually make a measurement of the electron it is in a definite place. But, between measurements you cannot say that it is in a definite place. Or that it has travelled a definite path from one place to another.
Sonia - De maneira nenhuma. O que é estranho é que quando se determina a medida de um electrão ele encontra-se num lugar definido. Mas entre medições não se pode dizer que ele se encontra num lugar definido. Ou que se deslocou numa direcção definida de um lugar para outro.
Tom - You mean, when you want to measure, it just sort of shows up?
Tom - Quer dizer que quando se quer determinar a medida de um electrão, ele como que aparece?
Sonia - Yes.
Sonia - Sim.
Tom - Kind of like out of work actors or presidential candidates like Jack Edwards.
What do you think, what do you think?
Tom - Assim como actores desempregados ou candidatos presidenciais como Jack Edwards.
Vê lá ! Vê lá!
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Jack - O.k. Let me get this straight. You measure and the electron is there. It shows up, like Tom said. But in between measurements you can't say for sure that it is in a definite place, or even that it went on a definite path from one place to another. So, how does it go from here to there. It moves, doesn't it?
Jack - O.k,, deixe-me assentar as ideias. Mede-se, e o electrão está ali. Ele aparece, como diz Tom. Mas, no intervalo das medições não se pode dizer, com absoluta certeza, que o electrão está num lugar definido, ou mesmo que seguiu um caminho definido de um sítio para outro. Então, como é que ele vai daqui para ali. Move-se, não?
Sonia - No.
Sonia - Não.
Jack - You mean, it stays in the same place?
Jak - Quer dizer que ele fica no mesmo sítio?
Sonia - No.
Sonia - Não.
Jack - Wait a minute, either the electron moves or it doesn't move!
Jack - Espere um segundo, ou bem que o electrão se move ou bem que não se move!
Sonia - But you can't say that . Well, are you getting a feeling now of what these physicists felt? You see, an electron doesn't move from place to place and it doesn't stay in one place either. It manifests itself as probability patterns spread out in space, and the shape of these probability patterns changes with time. Something which might seem like movement to human perception.
Sonia - Mas não pode afirmar isso. Estão a perceber agora o que sentiram aqueles físicos? Entenda que um electrão não se desloca de um lugar para outro lugar e não permanece também num mesmo lugar. Manifesta-se como padrões de probabilidade no espaço, e a forma destes padrões de probabilidade muda com o tempo. Algo que para a percepção humana é semelhante a movimento.
Tom - Are you saying that the electron sort of gets smeared out over a large region, and then, when you measure with the measuring gun, it collapses to a small point?
Tom - Está-me a dizer que o electrão distende-se por uma grande área e que, quando o medimos com o aparelho de medida, ele sucumbe num pequeno ponto?
Sonia - You've got it. You see, all subatomic particles, electrons, protons, neutrons, manifest this strange existence between potentiality and reality.
Sonia - Acertou. Todas as partículas subatómicas, electrões, protões, neutrões manifestam esta estranha forma de existência, entre potencialidade e realidade.
Tom - So, at the subatomic level there are no solid objects?
Tom - Então, ao nível subatómico não existem objectos sólidos?
Sonia - No. There are not.
Sonia - Não, não existem.
Jack - Well, if there are no solid objects at the subatomic level how are there solid objects at ... any level?
Jack - Então se não existem objectos sólidos ao nível subatómico, como é que existem objectos sólidos em ... qualquer nível?
Sonia - That's the amazing thing. This simple question, what makes this rock so solid ?, goes beyond our power of imagination. I mean, I cannot explain this to you in visual terms. Of course, I can do it in mathematical equations, but there is no metaphor for it.
Sonia - É isso que é espantoso. Esta simples pergunta, o que é que faz com que esta rocha seja sólida ?, vai para além da imaginação. Não vos consigo explicar isto em termos visuais. Claro que posso fazê-lo com equações matemáticas, mas não existem metáforas para explicar isso.
Tom - How can you live in a world that's unmetaphorical. I mean, you have to perceive reality in some way. I mean, this is solid.
Tom - Como é que se pode viver num mundo sem metáforas. Dalguma maneira a realidade é percepcionada. Quer dizer, isto é sólido.
Sonia - O.k. Let's take an atom from within this granite. A silicon atom with its fourteen electrons. Now, the probability patterns of these electrons arrange themselves like shells around the nucleus. Each shell containing several electrons. Now, within the shells the electrons are everywhere the same thing. So to speak. But the probability patterns that resemble shells are extremely stable and very hard to compress.
Sonia - O.k.. Peguemos num átomo do interior deste granito, um átomo de silicon, com os seus catorze electrões. Ora, os padrões de probabilidade destes electrões distribuem-se entre si como conchas em torno do núcleo. Cada concha contém vários electrões. No interior das conchas os electrões são os mesmos em todos os lados, por assim dizer, mas os padrões de probabilidade semelhantes a conchas são extremamente estáveis e muito difíceis de comprimir.
Jack - Matter is solid because probability patterns are difficult to compress?
Jack - A matéria é sólida porque padrões de probabilidade são difíceis de comprimir?
Sonia - That's as good as it gets.
Sonia - É o melhor que se pode dizer.
Tom - So, I was right to sleep through Mr Giddes's physics class. That little model he made out of tinker toys with sticks and balls, that was wrong? Right?
Tom - Então, eu tinha razão quando dormia nas aulas de física do Sr. Giddes. Aquele modelo que ele fez a partir de alfinetes e bolinhas estava errado? Certo?
Sonia - Right. Wrong. Yes, it's a lousy visualization But none did any better.
Sonia - Certo. Errado. Sim, é uma pobre visualização. Mas ninguém conseguiu fazer melhor.
Tom - Hum. "If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is infinite." - William Blake.
Tom - Hum "Se as portas da percepção fossem purificadas, tudo se mostraria ao homem tal como é, infinito." - William Blake.
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Tom - So Sonia, life is a bunch of probability patterns running around ? Probability patterns of what?
Tom - Então Sonia, a vida é um feixe de padrões de probablidades a andar às voltas. Padrões de probabilidades de quê?
Sonia - Of interconnections.
Sonia - De interconexões.
Jack - What?
Jack - O quê?
Sonia - Well, what I'm trying to say is that these probabilities are not probabilities of things, but probabilities of interconnections.
Sonia - Bem, o que eu estou tentar dizer é que essas probabilidades não são probabilidades de coisas, mas probabilidades de interconexões.
Tom - See, Jack. That's what I was trying to tell you.
Tom - Vês, Jack, era o que eu estava a tentar dizer-te.
Sonia - See, we tend to think of subatomic particles as of some kind of billiard balls, some small grains of sands, but for physicists the particle has no independent existence. A particle is essentially a set of relations that reach outward to connect with other things.
Sonia - Nós tendemos a pensar em partículas subatómicas como se fossem uma espécie de bolas de bilhar, como se fossem pequenos grãos de areia, mas para os físicos a partícula não possui uma existência independente. Uma partícula é essencialmente um conjunto de relações que se distendem para conectar com outras coisas.
Jack - What are those other things? Please?
Jack - Que coisas são essas? Por favor?
Sonia - They are interconnections of yet other things, which also turn out to be interconnections. And so on, and so on. You see, in atomic physics we never end up with any things at all. The essential nature of matter lies not in objects, but in interconnections.
Sonia - São interconexões de outras coisas que, por sua vez, acabam também por ser interconexões. E por aí adiante. Na física atómica nunca acabamos por chegar a coisas. A natureza essencial da matéria não reside em objectos, mas em interconexões.
Tom - Ah ! Everybody knows this chord, it's the third, the most basic of harmonies. It carries a very distinctive feeling, no? And yet its individual notes carry another feeling. Therefore, the essence of the chord lies in its ...
Tom - Ah! Toda a gente conhece este acorde, uma terceira, a harmonia mais básica. Comunica um sentimento muito próprio, não é verdade? E, contudo, as suas notas individuais comunicam outro sentimento. Por isso, a essência do acorde está na sua ...
Sonia - Lies in relationships.
Sonia - Está nas suas relações.
Tom - And the relationship between time and pitch ...
Tom - E relações entre o tempo e a intensidade ...
Jack - Makes melody.
Jack - Fazem melodia.
Tom - Makes melody. Relationships make music.
Tom - Fazem melodia. As relações fazem música.
Sonia - Relationships make matter.
Sonia - Relações fazem matéria.
Tom - Music of the spheres.
Tom - Música das esferas.
Sonia - As Kepler said.
Sonia - Como afirmou Kepler.
Tom - And Shakespeare, before him.
Tom - E Shakespeare, antes dele.
Sonia - And Pythagoras before him. Now, this vision of a universe arranged in sounds and relations is no new discovery. Today physicists are simply proving that what we call an object, an atom, a molecule, a particle. is only an approximation, a metaphor. At the subatomic level, it dissolves into a series of interconnections. The chords of music. That's beautiful.
Sonia - E Pitágoras, antes dele. Esta visão de um universo composto de sons e de relações não é nenhuma descoberta nova. Hoje em dia os físicos provam simplesmente que aquilo a que chamamos um objecto, um átomo, uma molécula, uma partícula é apenas uma aproximação, uma metáfora. Ao nível subatómico, dissolve-se numa série de interconexões. Os acordes da música. É lindo.
Jack - But there are boundaries, aren't there? I mean, between you and me, for instance, we are two separate bodies, aren't we? That's not an illusion, is it ? Are you saying that there is actually a physical connection between you and me and between you and the wall behind you and the air and this bench?
Jack - Mas existem fronteiras, não? Quero dizer, entre mim e você, por exemplo, somos dois corpos separados, não somos? Não é uma ilusão ou é? Está-me a dizer que, na verdade, existe uma conexão física entre você e eu, e entre você e a parede por detrás de si, entre você e o ar e este banco?
Sonia - Yes. At the subatomic level, there is a continual exchange of matter and energy, between my hand and this wood, between the wood and the air, and even between you and me. I mean, a real exchange of photons and electrons. Ultimately whether you like it or not, we are all part of one inseparable web of relationships.
Sonia - Sim. Ao nível subatómico existe uma contínua mudança de matéria e de energia entre a minha mão e esta madeira, entre esta madeira e o ar, e mesmo entre você e eu. Uma troca real de fotões e de electrões. Em última análise, quer se queira ou não, somos todos parte de uma rede inseparável de relações.
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Jack - How does all this explain light?
Jack - Como é que tudo isto explica a luz?
Sonia - Yes, finally, light. Now, light doesn't need a medium, because although it travels in waves, it also travels in particles.
Sonia - Sim, finalmente, luz. A luz não necessita de um 'medium', pois embora viaje sob a forma de ondas, também viaja sob a forma de partículas.
Jack - Light is both particles and waves?
Jack - A luz é simultaneamente partículas e ondas?
Sonia - Yes. But the particles of light, which we call photons, are of a very special kind. Unlike others particles, they never stand still, they never speed up they never slow down, they always travel at the same speed, the speed of light. And the waves are not ordinary waves, like water waves, they are abstract patterns of probabilities, travelling in the form of waves.
Sonia - Sim. Mas as partículas da luz, a que chamamos fotões, são de uma espécie muito especial. Ao contrário de outras partículas, nunca estão imóveis, nunca aceleram, nunca diminuem de velocidade, viajam sempre à mesma velocidade, a velocidade da luz. E as ondas não são ondas vulgares, como ondas aquáticas, são padrões abstractos de probabilidades, viajando sob a forma de ondas.
Jack - Patterns of relationships like everything else?
Jack - Padrões de relações como tudo o resto?
Sonia - Exactly.
Sonia - Exactamente.
Jack - I get it. Well, I don't get it, but I get it.
Jack - Percebi. Bem, não percebi, mas percebi.
Tom - "Let there be light!"
Tom - "Faça-se a luz!"
Sonia - And, like light, a great variety of other higher energy particles. Cosmic rays bombard the earth, all these particles colliding with the air, creating more particles, interacting further, creating and destroying more particles, and we are in the midst of this cosmic dance of creation and destruction, all of us, all the time.
Sonia - E, tal como a luz, o mesmo ocorre com uma enorme variedade de outras partículas de energia superior. Raios cósmicos bombardeiam a terra, todas estas partículas colidem com o ar, criando e destruindo mais partículas, e nós estamos no meio desta dança cósmica de criação e destruição, todos, em todos os instantes.
Tom - Shiva Naturai.
Tom - Shiva Naturai.
Jack - I beg your pardon?
Jack - Peço perdão?
Tom - Shiva Naturai, the Hindu God of Dance. The Hindus believe that Shiva's dance sustains the universe, that Shiva's dance is the universe, the ceaseless flow of energy going through a multiplicity of patterns, dissolving into one another.
Tom - Shiva Naturai, o Deus da dança Hindú. Os Hindús acreditam que a dança de Shiva sustenta o universo, que a dança de Shiva é o universo, a incessante corrente de energia, atravessando uma multiplicidade de padrões, que se dissolvem uns nos outros.
Sonia - That's physics!
Sonia - Isso é física!
Tom - No, that's poetry!
Tom - Não, isso é poesia!
Jack - That's wonderful. No, really, that's great, but - I hope this doesn't bother - anybody.- what do you do with that? What's it for?
Jack - Isso é maravilhoso. Não. a sério, isso é magnífico, mas - espero que a minha pergunta não vos aborreça - qual é a utilidade disso? para que serve?
Tom - You don't do anything with that, you don't think. You just think about it, contemplate it.
You, guys, aren't hungry? I'm hungry. Let's go and have something to eat.
Tom - Não tem utilidade nenhuma que seja pensável. Pensa-se sobre isso, contempla-se.
Vocês não têm fome? Eu tenho fome. Vamos comer qualquer coisa.
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Sonia - How can they do that, here ? I mean, how can they do that anywhere?
Sonia - Como é que eles são capazes de fazer aquilo, aqui? Pergunto-me como é que são capazes de fazer aquilo onde quer que seja?
Tom - It's your fault.
Tom- A culpa é sua.
Sonia - What?
Sonia - O quê?
Tom - O.k, it's not your fault, it's the physicist's fault. They made the bomb.
Tom - Está bem, a culpa não é sua, é dos físicos. Foram eles que inventaram a bomba.
Sonia - You can't blame littering on the bomb.
Sonia - Não pode culpar a bomba pelo lixo que se faz.
Tom - Why not ? The bomb made all the planet disposable. Littering is an expression of powerlessness. What does a little more crap make? It's all going anyway, completely.
Tom - Porque não? A bomba tornou vulnerável o mundo inteiro. Fazer lixo é uma expressão de impotência. Que diferença faz mais uma lata para o chão? Tudo há-de ir completamente pelos ares.
Sonia - Maybe, you are right. You know, I visited Hiroshima ten years ago. I went to the museums, I saw the photographs of devastation, I went to the Peace Park, looked at all the monuments, a statue of a mother with a baby, a statue of a goddess enveloped in paper cranes. And, then, I saw a mound, about six feet high, covered with grass. It was not decorated in any way, it wasn't a symbol of anything, no monument. Simply contained the ashes of the atomic bomb victims. The actual remains of what was left of tens, maybe hundreds of thousands of men and women and children. Incinerated because of our knowledge. A flash of light that burned them and obliterated them, and totally transformed the world. And as I stood in front of that mound of ashes, I felt that I was face to face with the victims of my work as a scientist, as a physicist. I cried.
Sonia - Talvez tenha razão. Sabe, faz dez anos que visitei Hiroshima. Fui aos museus, vi as fotografias da devastação, estive no Parque da Paz, vi todos monumentos - uma estátua de uma mãe com um bébé nos braços uma estátua de uma deusa revestida com papéis em forma de gerânios. E foi então que vi um montículo de terra com cerca de dois metros de altura. Não estava minimamente decorado, não era um símbolo de nada, não parecia um monumento. Continha simplesmente as cinzas das vítimas da bomba atómica. Os vestígios concretos do que restava de dezenas, talvez centenas, de milhares de homens, mulheres e crianças, incinerados, vítimas do nosso conhecimento. Um clarão de fogo que os consumiu e os obliterou e que transformou completamente o mundo. E, diante daquele montículo de cinzas, senti que estava face a face com as vítimas do meu trabalho enquanto cientista. Chorei.
Tom - When I was little, up on the third floor with my brother, we would lie on our beds watching the heat lightning flashes and he would say "what´s that?", and I would say "That's it! That's the big one, we are all going to die!"
Tom - Quando era miúdo e, lá do alto do terceiro andar, eu e o meu irmão observávamos das nossas camas os relâmpagos, ele dizia-me "o que é aquilo?", e eu respondia-lhe "agora é que é! é o maior de todos, agora é que vamos morrer todos!"
Jack - You can't make yourself responsible for Hiroshima, Sonia, just because you do physics. You didn't invent the bomb, and even if you had, somebody else decided to use it, a politician. Oppenheimer said he felt he had blood on his hands, and he did't invent it. But President Truman's answer was, "Who the hell does he think he is? I'm the one who ordered them to drop the damn thing". Even Oppenheimer wasn't to blame. Scientists are supposed to figure things out. It's up to the rest of us to figure out what to do about it.
Jack - Não deve auto-responsabilizar-se pelo que sucedeu em Hiroshima, Sonia, só porque se dedica à física. Não foi você quem inventou a bomba, e mesmo que tivesse sido, foi outra pessoa, um político, quem tomou a decisão de a usar. Oppenheimer disse que tinha as suas mãos ensaguentadas, e nem foi ele quem a inventou, Porém, a resposta do Presidente Truman foi: "Quem diabo julga ele que é? Fui eu quem ordenou que largassem aquela maldita coisa!". Mesmo Oppenheimer não deve ser censurado. O que se espera dos cientistas é que inventem coisas. Cabe a nós, políticos, decidir o que fazer com elas.
Tom - I'm sorry, Sonia, it was only kidding. Maybe littering is more an expression of poor toilet training. I don't know, maybe we could change the subject.
Tom - Peço desculpa, Sonia, era apenas uma brincadeira. É provável que fazer lixo seja antes uma expressão de iniciação ao uso da retrete. Não sei, talvez pudéssemos mudar de assunto.
Sonia - There is no accountability for scientists as there is for other professions. Why aren't we obliged, like medical doctors, not to use our knowledge destructively?
Sonia - Ao contrário de outras profissões, aos cientistas não se exige responsabilização. Porque é que não somos obrigados, como sucede com os médicos, a não utilizar destrutivamente o nosso conhecimento ?
Jack - It's not that simple, I don't think.
Jack - Isso não é assim tão simples, penso eu.
Sonia - Oppenheimer said he had blood on his hands, yet he only regrets after the fact. I have regrets because of my x ray laser. You see, I am responsible for the consequences of my discovery. You know, we never talked about responsibility at the universities. Not in my time. We never discussed ethics. We were never taught value thinking. No one induced upon us the wisdom of the American Indian tribes who made all their important decisions with the seventh generation in mind. We were never taught to think about the future that way. We were taught in our closed rooms that we were doing pure science. In the pursuit of pure truth; the noble pursuit of pure truths.
Sonia - Oppemheimer disse ter sangue nas mãos e, no entanto, só o lamentou depois dos factos. Eu sinto remorsos pela invenção do meu raio x laser, percebe. Eu sinto-me responsável pelas consequências da minha descoberta. No meu tempo de universidade nunca discutimos sobre o valor da responsabilização. Nunca discutimos sobre ética. Nunca nos ensinaram a pensar com valores éticos. Ninguém induziu em nós a sabedoria das tribos índias, que nas decisões importantes tomavam em consideração o futuro da sétima geração. Nunca nos ensinaram a pensar desse modo sobre o futuro. O que aprendíamos em salas fechadas era que estávamos a fazer ciência pura, em busca da verdade pura; a nobre busca de verdades puras.
Jack - But that's what science is, Sonia. Don't be so hard in yourself.
Jack - Mas isso é que é ciência, Sonia. Não seja tão severa consigo mesma.
Sonia - No, that's what science was, maybe. But pure science hardly exists today. The scientist doesn't sit in his lab anymore, choosing to work on what fascinates him most. Science is expansive. The Pentagon who pays most of it, decides what is fascinating . Seventy per cent of all science done in the U.S today is paid by the military. We give our knowledge away whithout thinking about the values, whithout thinking about who is responsible.
Sonia - Não, talvez isso seja o que foi a ciência. Mas a pura ciência quase que não existe hoje em dia. O cientista já não se senta no seu laboratório e escolhe trabalhar naquilo que mais o fascina. A ciência é cara. O Pentágono é o seu maior financiador e é quem decide o que é fascinante. Setenta por cento da ciência feita actualmente nos Estados Unidos é financiada pelos militares. Nós fornecemos o nosso conhecimento científico sem tomarmos em consideração os valores éticos, sem querermos saber quem é o responsável.
Jack - Well, but there is oversight. I've served in some of those oversight committees.
Jack - Bem, mas há controlo. Participei nalguns desses comités de controlo.
Sonia - Scientism ? Is there any rational belief in the truth of science? It has become a dominating religion today. And people, of course, who see what miracles physicists are able to achieve, like going to outer space, or splitting atoms, or making bombs, believe that scientists who are so powerful they also must be very wise. And so they don't question their work anymore and they leave their own responsibility in the hands of these people that ambition to have this power of knowledge. And although they know that scientists are doing scary things in the shadows, they just hope that they will be careful. And then scientists hand their responsibility over to those who are paying them, and I know what happens when you hand over your responsibility to those who pay you, like I did with my laser ... It broke my heart.
Sonia - Cientismo? Será que há uma crença racional sobre a verdade da ciência? A ciência tornou-se actualmente numa religião. Não é uma boa religião, mas é uma religião dominante. E, é claro, as pessoas, vendo a espécie de milagres que os físicos são capazes de realizar - como viajar no espaço extraterrestre, ou dividir átomos, ou fazer bombas - acreditam que os cientistas, pelo facto de serem poderosos, são também sábios. E, por isso, deixaram de questionar o seu trabalho, transferindo as suas próprias responsabilidades para as mãos desta gente que apenas ambiciona o poder do conhecimento. E apesar de as pessoas saberem que, na sombra, os cientistas fazem coisas assustadoras, alimentam a esperança que eles sejam prudentes. E, a seguir, são os cientistas que transferem as suas próprias responsabilidades para aqueles que lhes pagam, e eu bem sei o que sucede quando se transfere a responsabilidade para os que nos pagam, como aconteceu com o meu laser ... Destroçou o meu coração.
Jack - If you are worried about the possible dangers of genetic engineering, who do you go to for advice? You have to ask for a scientist. He is the only one who understands. And you pretty much have to take his word for truth, because often you don't know even what questions to ask.
Jack - Se os perigos da engenharia genética nos deixam inquietos, a quem, senão a um cientista, vamos pedir conselho? É ele o único que percebe do assunto, e é evidente que temos de aceitar a sua explicação como verdadeira, porque, muitas vezes, nem sequer sabemos que perguntas é que havemos de fazer.
Sonia - Science should welcome your questions, because science itself should question everything.
Sonia - A ciência deve acolher perguntas, porque a própria ciência deve questionar tudo.
Jack - You know, these oversight committees hold hearings from time to time with the public invited to come. Maybe you should be there. A person like you might be able to do some good.
Jack - Sabe, estes comités de controlo reúnem-se, de tempos a tempos, para audições com o público, que é convidado a estar presente. Talvez você devessse lá estar. Uma pessoa como você podia ajudar a fazer algum bem.
Tom - He is still running, only the terminator can stop him. Should we get the cheque?
Tom.- Ainda está a pensar na eleições. Vamos pedir a conta?
Sonia - I'll pay.
Sonia - Eu pago.
Jack - Oh no, no, no.
Jack - Não, não, não.
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Tom - 1968. Chicago. The Democratic Convention. The cops were getting ready to charge the demonstrators, and I am standing next to this guy, whom I have never seen before in my life, and I say to him " Well, I'm going home", and he says, "Don't go home, go into politics!" And, like a fool, I listened to him. That guy was Jack, who is today a conservative democrat, whatever the hell that is.
Tom - 1968. Chicago. A Convenção Democrática. Os chuis preparam-se para carregar sobre os manifestantes, e eu estou ao lado dum tipo, que nunca vi na minha vida, e digo-lhe " Bom, vou mas é para casa", e ele responde-me, " Não vais para casa, vais mas é para a política !" E, como um tolo, dei-lhe ouvidos. Aquele tipo era o Jack, que é hoje um democrata conservador, o que diabo quer que isso seja.
Jack - I was working for a delegate. I was not even a demonstrator, I was just trying to get into the hall. And the cops charged the crowd, we all got tear gas, I broke my nose. We all spent the night in jail.
Jack - Eu estava lá a trabalhar para um delegado, nem era um manifestante, apenas procurava entrar na sala. E os chuis carregaram sobre a multidão, apanhámos com gás lacrimogéneo, parti o nariz, passámos todos a noite na cadeia.
Tom - What happened to all those people?
Tom - O que é que aconteceu a toda aquela gente?
Jack - Jessie Jackson got most of them and the rest of them went to sleep.
Jack - A grande maioria alinhou com o Jessie Jackson e o resto desapareceu da circulação.
Tom - I don't mean politically, Jack. The primaries are over, I mean, personally, what did happen, where did they go, where did they live, what did they do?
Tom - Não estava a falar do ponto de vista político, Jack. As primárias já terminaram. Referia-me ao que lhes aconteceu pessoalmente, para onde foram, onde é que vivem, o que é que fazem?
Jack - I don't know personally, but politically the Green Party got them, at least in Europe. Peace activists, environmentalists, the feminists, the old student left. The Green Party got them all.
Jack - Não sei o que é feito deles como pessoas, mas, politicamente, juntaram-se ao Partido dos Verdes, pelo menos na Europa. Pacifistas, ambientalistas, feministas, a velha esquerda estudantil. O Partido dos Verdes agarrou-os.
Tom - What happened to them, really?
Tom - O que será que relmernte lhes aconteceu?
Sonia - I think it proves ecological thinking is getting stronger and stronger. People who do see the whole picture, who see that all these questions are related to each other.
Sonia - Julgo que isso prova a força crescente do pensamento ecológico, de pessoas que são capazes de verem o panorama completo, que entendem que todas estas questões estão relacionadas umas com as outras.
Tom - She's back.
Tom - Ela está de volta.
Jack - Gorbatchov ...
Jack - Gorbatchov ...
Tom - Gorbatchov? Was he at the Chicago demonstration?
Tom - Gorbatchov? Esteve na manisfestação de Chicago?
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Ke - Mom !? I thought you were with those men.
Ke - Mãe !? Pensei que estava com aqueles senhores.
Sonia - I am. They are out there. We are going to the beach. I am changing my shoes.
Sonia - E ainda estou. Eles estão lá fora. Vamos até à praia. Estou a mudar de sapatos.
Ke - Hum ...
Ke - Hum ...
Sonia - What's the trouble?
Sonia - Qual é o problema?
Ke - Nothing.
Ke - Não é nada.
Sonia - Did I do something wrong?
Sonia - Fiz alguma coisa de mal?
Ke - No, it's just I can't stand you talking about what's wrong with the world and your new vision of reality when what I hear, what I think is that you are talking about your own probems, how you, yoursef, feel disconnected. You can't even relate to me.
Ke - Não, é que não suporto mais ouvir-te falar sobre o que está mal com o mundo e sobre a tua nova visão da realidade, quando, o que ouço, o que acho, é que estás a falar dos teus próprios problemas, de como tu própria te sentes desligada. Tu nem consegues relacionar-te comigo.
Jack - Are you coming with us?
Jack - Vem connosco?
Sonia - Yes. Come, Ke, please.
Do you mind if I go?
Sonia - Sim, Vem, Ke, por favor.
Importas-te que eu vá?
Ke - No. Mom. I like Jack, be real with him, don't bore him to death.
Ke - Não, mãe. Eu gosto do Jack, sê verdadeira com ele, não o aborreças.
Sonia - Ke, he is a married man.
Sonia - Ke, ele é um homem casado.
Ke - It could do you some good.
Ke - Podia-te fazer bem.
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Jack - In 1968, Richard Nixon won the youth vote. In 1980 and 1984 Ronald Reagan did the same thing. The majority of Americans are very conservative.
Jack - Em 1968, Richard Nixon obteve os votos da juventude. Em 1980 e 1984, Ronald Reagan conseguiu a mesma coisa. A maioria dos americanos são muito conservadores.
Sonia - You know, I think we are dealing with a historical process that's so deep that even the Americans won't be able to resist much longer. When I look around in the sciences, I see the same patterns emerging everywhere, the same notions of holism, the same thinking in terms of processes instead of structures. It's happening in America, too. Because when something takes hold in science, it will spread, it always has, whether we like it or not.
Sonia - Sabe, eu acho que estamos a lidar com um processo histórico de tal maneira profundo que até mesmo os americanos não lhe poderão resistir muito mais tempo. Quando vejo o que se está a passar com as ciências, vejo os mesmos padrões a emergir em todo o lado, as mesmas noções holísticas, as mesmas noções de pensar-se em termos de processos e não de estruturas. Isso está também a acontecer na América. Porque quando a ciência aceita algo, isso há-de propagar-se. Sempre assim foi, quer se goste ou não.
Jack - I'm glad to hear you to say that. I thought you had given up on America.
Jack - Fico contente por ouvi-la dizer isso. Pensei que tinha desistido da América.
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Sonia - What's wrong with him?
Sonia - O que é que se passa com ele?
Jack - The colour has probably caught him. He is a poet, he has got license to be moody. It has taken him miles fom his home, but it has kept him free. So, I sometimes think he can change thoughts and points of view about anything any time he wants. He meets someone like you, who sees things in a completely new way, and he is totally free to go along with it. And should you succeed in really changing his views and winning him over, you could be sure he would sit down and put those ideas into a play or a poem. People would admire him for his flexibility.
Jack - Ficou provavelmente tocado pela cor. É um poeta, tem licença para deixar-se levar pelos seus próprios humores. Está a milhares de quilómetros de casa, porém conservou a sua liberdade. Por vezes julgo que ele consegue mudar de pensamentos e de pontos de vista sobre qualquer assunto, em qualquer momento, sempre que o deseja. Se encontra uma pessoa como você, que vê as coisas de um modo completamente original, ele sente-se totalmente livre para a acompanhar. E se você conseguir mudar os seus pontos de vista e cativá-lo, pode ter a certeza que ele há-de sentar-se à secretária para pôr essas ideias numa peça ou num poema. As pessoas admiram-no pela sua flexibilidade.
Sonia - And you, you feel constrained by your constituents?
Sonia - E você, você sente-se constrangido pelos seus eleitores?
Jack - Yes, kind of. They want me to be the good old conservative democrat they vote for. And basically that's what I am. Anyway, I'm supposed to represent them. It's not all awkward. It's supposed to be the will of the people that sets the course and the government that finds the means to give the folks what they want. Of course, it's all a mess right now. The problems are so complex; there is so much cross over from one problem to another. It's hard for people to even think about them. But still, I think Thomas Jefferson was every bit as great a man as Isaac Newton was. I doubt if there has been any better form of government anywhere in history ever. And, of course, getting into politics is nothing to be ashamed of. To me, it's still the biggest challenge there is. But things are changing faster and faster everyday. A few years back, the green house effect was just a theory, and now we are just not keeping up. But, Sonia, the question is can your ideas change that? Hasn't a lot of what we have been talking about been discussed and recognized already, recognized in all the environmental legislation, clean water in 72, clear air in 77, twelve, fourteen years ago, and we are still falling behind. So, can your ideas make these things move faster, I mean, if you are going to wait for most of the people to be ready to go along with you before you move, which is what you have to do? I'm sure you are not a secret lover of dictatorships, but wouldn't it take some kind of totalitarian regime to put ideas as comprehensive as yours into effect. So how does all this trend translate into politics, or doesn't it?
Is this just going to be the best conversation I've had in months or there is still a chance you get me elected President, that's all I want to know?
Jack - Sim. De certa maneira. Eles querem-me como o bom velho democrata conservador em que votaram. E é isso que basicamente eu sou. Para todos os efeitos, esperam que eu os represente. Não é assim tudo tão negativo. Espera-se que seja a vontade do povo a determinar o curso das coisas, e que seja o governo a escolher e a aplicar os meios para dar às pessoas o que elas querem. Claro que, presentemente, tudo é muito confuso. Os problemas são tão complexos, são tantas as intersecções entre um e outro problema. É difícil pensar sequer neles. Mesmo assim, julgo que Thomas Jefferson foi, a todos os níveis, um homem tão notável quanto Isaac Newton. Duvido que alguma vez tenha existido na história, ou nalgum lugar, uma melhor forma de governo. E, evidentemente, julgo que o envolvimento na política não é nada que nos deva envergonhar. Para mim, é ainda o maior desafio que existe. Mas as coisas estão a mudar, mais e mais rapidamente, todos os dias. Ainda há poucos anos o efeito de estufa era uma simples teoria e, agora, já não estamos a controlá-lo. Mas, Sonia, a minha pergunta é, poderão as suas ideias mudar este estado de coisas? Muito daquilo que temos vindo a falar não terá sido já discutido, reconhecido em toda a legislação ambiental, há doze, catorze anos atrás - águas limpas em 72, ar respirável em 77 -, apesar de continuarmos aquém dos seus objectivos? Poderão, portanto, as suas ideias mudar rapidamente este estado de coisas? Não terão necessariamente as suas ideias de esperar que a maioria das pessoas estejam preparadas para aderir a elas, antes de poder levá-las à prática ? Tenho a certeza de que não é uma entusiasta secreta de ditaduras, mas não será necessário implantar alguma espécie de regime totalitário para levar ideias tão esclarecidas como as suas à prática? Como é que tudo isto se traduz em política, ou não se traduz?
Tudo o que desejava saber é se esta conversa vai ser apenas a melhor que tive nos últimos meses ou se há alguma hipótese em me ajudar a vir a ser Presidente.
Sonia - Jack, you are still asking me for a programme. I'm trying to make you embrace a vision. But you just want to know what the package thing is.
Sonia - Jack, está a pedir-me ainda um programa. Eu estou a procurar que adopte uma visão, mas você só quer saber qual é o formato da coisa.
Jack - I'm a practical man. I'm from Missouri.
Jack - Eu sou um homem prático, sou do Missouri.
Sonia - I thought you were from the East Coast.
Sonia - Pensei que era da Costa do Leste.
Jack - That's an expression. It means "Show me".
Jack - Isso é uma forma de expressão. Significa "Demonstre-me".
Sonia - Devising policies, that's your job. I do think that as long as you continue looking at things through that old cartesian patriarchal newtonian lens you are going to miss out what the world really is. You, we, all of us, we need a new vision of the world, and we need a more comprehensive, more inclusive science to support us. There is a new theory emerging now which places all the ecological concepts we've been talking about into one coherent, scientifc framework. We call it the system's theory, the theory of living systems.
Sonia - Maquinar estratégias, é essa a sua especialidade. Acho que enquanto persistir em ver as coisas por essas patriarcais lentes cartesianas e newtonianas não conseguirá ver como o mundo realmente é. Você, nós, todos nós necessitamos de ter uma nova visão do mundo e de uma ciência mais compreensiva, mais integrante para nos apoiarmos. Há uma nova teoria que está a emergir presentemente e que articula todos os conceitos ecológicos que temos vindo a falar num coerente quadro científico. Designamo-la por teoria dos sistemas, a teoria dos sistemas vivos.
Jack - Living system?
Jack - Dos sistemas vivos?
Sonia - Hum ... All living organisms, as well as social systems and eco systems. You see, this theory would help us get a much firmer grasp on the sciences that deal with life.
Sonia - Hum ... Todos os organismos vivos, assim como todos os sistemas sociais e sistemas ecológicos. Esta teoria ajudar-nos-á a exercer um controlo mais firme sobre as ciências que lidam com a vida.
Jack - Are these all your own ideas or do other people share them? I mean, is this being applied in the sciences anywhere?
Jack - Isto são apenas ideias suas ou há outra pessoas a partilhá-las consigo? Quero dizer, isto está a ser posto em prática nalgum domínio das ciências?
Sonia - Am I a crack ? It's o.k, Senator. This is real science. And many scientists, inclunding some Nobel Laureates have been working on these ideas: Prigogine, Bateson, Maturama, just to mention a few. Yes, it is science, but of a new kind. Instead of concentrating on basic building blocks, the system's view concentrates on principles of organization; instead of cutting things to pieces, it looks at the living system as a whole.
Sonia - Sou alguma impostora? Não tenha receio, Senador, isto é ciência autêntica. E muitos cientistas, incluindo alguns prémios Nobel, têm vindo a trabalhar nestas ideias. Prigogine, Bateson, Maturama, só para mencionar alguns. Sim, é ciência, mas de um novo tipo. Em vez de se concentrar na construção de blocos, a teoria dos sistemas concentra-se em princípios de organização; em vez de decompor as coisas em partes encara o sistema vivo como um todo.
Jack - How can you think usefully about things in this holistic way, that's what I don't see. You can contemplate them, you can look at them, as Thomas says, but if you want to do something, if you want to get into specificity, by definition, don't you have to take things apart ? How can you talk usefully about a tree without talking about its roots, or its leaves or its bark?
Jack - Não vejo como é que pode pensar de forma utilitária sobre as coisas com esta visão holística. Pode contemplá-las, pode olhar para elas, como diz o Tom, mas se pretende fazer algo, se quer investigar pormenores, não tem que, por definição, decompor as coisas? Como é que pode falar utilitariamente sobre uma árvore, sem referir as suas raízes, ou as suas folhas, ou o seu tronco?
Sonia - Well, I could. Whithout even naming the parts you mention. A cartesian would look at the tree and conceptually take it to pieces. But then, he would never really understand the nature of the tree. A system's thinker would look at the tree and see the seasonal exchanges between tree and earth, earth and sky. He would see the annual cycle, which really is one big breath the earth takes through its forests, providing us with oxygen, a breath of life linking the earth with the sky and us with the universe. A system's thinker would look at the tree and see the life of the tree only in relation to the life of the whole forest. He would see the tree as a habitat of birds, a home for insects. But if you look at the tree and try to understand it as something separate, you would be bewildered by the millions of fruits it is producing in its lifetime, because one or two trees will grow from those fruits. Though if you look at the tree and see it as a member of a larger living system, that abundance of fruits will make sense because hundreds upon hundreds of forest's animals and birds will survive because of them. Interdependence. And the tree cannot survive on its own either. To draw water from the ground, it needs the fungus that grows to the tip of each root and the fungus needs the root to survive, and the root needs the fungus: if one dies the other dies. And there are millions of relationships like this in our world each depending on each other for life. The system's theory recognises this web of relationships as the essence of all living things. Only the uninformed could call such notion naive or romantic. Because this dependency we all share, it's a scientific fact.
Sonia - Bom, eu posso fazê-lo, mesmo sem nomear as partes que mencionou. Um cartesiano observa a árvore e decompõe-na conceptualmente em partes. Mas, deste modo, nunca há-de compreender verdadeiramente a natureza da árvore. Um teórico dos sistemas olha para a árvore e verá as mudanças sazonais entre a árvore e a terra, a terra e o céu. Verá o ciclo anual, que, na verdade, é uma grande exalação que a Terra faz através das suas florestas, fornecendo-nos oxigénio, uma exalação vital ligando a terra ao céu e ligando-nos ao universo. Um teórico dos sistemas observa a árvore e vê a vida da árvore em correlação com a vida de toda a floresta. Vê a árvore como um habitat de pássaros, um lar para insectos. Mas se observar a árvore e procurar compreendê-la como algo separado, ficará confundido com os milhões de frutos que ela produz ao longo da sua vida, porque apenas uma ou duas árvores nascerão daqueles frutos. Mas se observar a árvore encarando-a como um membro de um sistema mais alargado de vida, essa abundância de frutos fará sentido porque centenas e centenas de animais da floresta e de pássaros sobreviverão graças a eles. Interdependência. E a árvore também não pode sobreviver por si só. Para obter água do solo necessita do fungo que cresce na extremidade de cada raiz e o fungo tem necessidade da raiz para sobreviver e a raiz tem necessidade do fungo: se um morre o outro morre. E há milhões de relações como esta no nosso mundo, cada qual dependendo de cada qual para viver. A teoria dos sistemas reconhece esta rede de relações como a essência de todos as coisas vivas. Só quem não está informado pode dizer que esta noção é ingénua ou romântica Porque todos participamos desta mútua dependência. É um facto científico.
Jack - A web of relationships?
Jack - Uma rede de relações?
Sonia - Yes, but this time it's the web of life itself. The theory of living systems actually provides you with an outline of an answer to that eternal question "what is life?"
Sonia - Sim, mas desta vez é a rede da vida em si. A teoria dos sistemas vivos fornece, efectivamente, um esboço de resposta para a eterna questão "o que é a vida?"
Tom - O.k Sonia, let's hear, what is life?
Tom - Está bem, Sonia, ouçamos, o que é a vida?
Sonia - Well, in systems' language, the answer would be "the essence of life is self-organization."
Sonia - Bem, na linguagem dos sistemas, a resposta seria "a essência da vida é auto-organização."
Tom - Ah Ah Ah Ah.
Tom -Ah. Ah. Ah Ah Ah.
Sonia - What's so funny?
Sonia - Qual é a graça?
Tom - What is life, Mom? Life is self-organizing, I mean, come on, it's very nice, Mom, it's very nice, it's very nice, it's very, very, very nice. That's very nice. That's very, very, very nice. That's very nice. I don't know, it sounds to me as something out of Alice in the Wonderland. Maybe there is something down here that speaks your language. "Jabberwocky". You know, as Merlin once said to King Arthur " Don't dishonour your feast by rejecting what's gone to it", he said. What's life? Life is self-organized. That's just extraodinary.
Tom - O que é a vida, minha senhora? A vida é auto-organização. Como isso é divertido, é muito divertido, é muito divertido, é muito, muito, muito, muito divertido. É muito divertido. É muito, muito, muito, muito, muito divertido. É muito divertido. Eu não sei, mas isso soa-me à Alice no país das maravilhas. Talvez aqui em baixo haja algo que fale essa linguagem: pura algaraviada. Tal como uma vez disse Merlin ao Rei Artur "não desonres a tua festa ao rejeitares o que nela acontece" "O que é a vida?" A vida é auto-organização. É absolutamente fantástico.
Sonia - Yes, it is. And it means something specific too, it means that a living system is self-maintaining, self-renewing, self transcending.
Sonia - Sim, é. E quer dizer também algo de específico, quer dizer que um sistema de vida é auto-sustentável, auto-renovável, auto-transcendente.
Jack - What does self-maintaining mean?
Jack - O que significa auto-sustentável?
Sonia - Well, it means that a living system, although depending on its environment is not determined by it. Take the yellow fields of rye around this island. With all the rain here, these fields should be green all year round, but every Summer they turn yellow. Why? Well, to use a metaphor, each plant remembers that it originated in the hot and dry climate of Southern Asia. It remembers . And not even a dramatically different climate can change its inner workings. Self-maintaining. Self-organizing.
Sonia - Bom, significa que um sistema de vida, apesar de estar dependente do seu ambiente não é determinado por ele. Considere os campos amarelos de estevas ao redor desta ilha. Com toda a chuva que aqui cai, estes campos deviam manter-se verdes durante todo o ano, mas quando vem o Verão ficam amarelos. Porquê? Bem, cada planta - para utilizar uma metáfora - "recorda-se" que teve a sua origem no clima quente e seco do sul da Ásia. Recorda-se. E nem mesmo um clima tão dramaticamente diferente pode alterar o seu modus vivendi interior. Auto-sustentação. Auto-organização.
Jack - I see. What about self-renewing, what does that mean?
Jack - Estou a perceber. E auto-renovável. O que significa?
Sonia - Take us. Like all living organisms, we are constantly replacing ourselves in continuous cycles. Much faster than you can imagine. Your pancreas, for example. Do you know that it replaces most of its cells in twenty four hours? That means that you wake up with a new pancreas each morning, and a new stomach lining as well. A new skin. Do you know that your skin falls at the rate of eight hundred thousand cells a minute? Do you know that most of the dust in our homes consists of our own dead skin cells?
Sonia - Veja o nosso caso. À semelhança de todos os organismos vivos, estamos constantemente a reconstituirmo-nos em ciclos contínuos. Muito mais depressa do que vocês possam imaginar. O vosso pâncreas, por exemplo; sabem que a maior parte das suas células são substituídas em vinte e quatro horas? Isso significa que todas as manhãs vocês acordam com um pâncreas novo, e também com um interior de estômago novo. Vocês acordam com uma pele nova. Sabem que a vossa pele cai à média de oitocentas mil células por minuto? Sabem que a maior parte do pó das nossas casas consiste em células mortas provenientes da nossa própria pele?
Tom - That will get into a poem: "Our households were filled with dead skin."
Tom - Isso pode levar a um poema: "As nossas casas encheram-se de pele morta."
Sonia - But, at the same time as all these dead cells are being shed just as many are dividing and producing new skin. That's self-renewing.
Sonia - Mas ao mesmo tempo que todas estas células mortas se desprendem, muitas outras estão a multiplicar-se, gerando uma nova pele. Isso é auto-renovação.
Tom - As Heraclitus once said, " A man can't step into the same river twice ", Sonia says "A man can't shake hands with the same man twice with the same hand." Right?
Tom - Assim como Heraclitus disse que "um homem não pode entrar duas vezes no mesmo rio", também Sonia diz que "um homem não pode apertar duas vezes com a mesma mão a mão do mesmo homem" Certo?
Sonia - Yes and no. Though most of our cells are being replaced, we do recognize each other, because, you see, the pattern of our organization is still the same. That's one of the most important characteristics of life : continuous, structural change, but stability in the pattern of the systems of organization.
Sonia - Sim e não. Muito embora a maior parte das nossas células estejam a ser substituídas, nós identificamo-nos uns aos outros, porque, bem vê, o padrão da nossa organização permanece o mesmo. Essa é uma das principais características da vida: contínua mudança estrutural, mas estabilidade no padrão dos sistemas de organização.
Tom - And that's all there is to life?
Tom - E é tudo o que há sobre a vida?
Sonia - No. There is self-transcending. See, self-organization is not only how the living systems are maintaining themselves and continuously renewing themselves; it also means that they have an inherent tendency to transcend themselves, to reach out and create new forms. See, that is one of the most exciting parts to me, that the basic dynamics of evolution is not adaptation, it is creativity.
Sonia - Não. Há a auto-transcedência. A auto-organização não consiste apenas no modo como os sistemas vivos se autopreservam e como continuamente se renovam; significa que eles também têm uma tendência inerente para se transcenderem, para se distenderem e criarem novas formas. Esse é, para mim, um dos aspectos mais fascinantes, o de que o dinamismo básico da evolução não é a adaptação, é a criatividade.
Tom - You mean the living systems will evolve just for the hell of it? That they will sort of go exploring whether they need to for survival or not? That I am not so far out of step as I usually suppose?
Tom - Quer dizer que os sistemas vivos evoluem só por evoluir? Que eles saem - por assim dizer - em exploração, estejam ou não determinados pela necessidade. Que, afinal, eu não estou tão descompassado quanto supunha estar?
Sonia - No, you are not. Creativity is the basic element of evolution. Every living organism has the potential for creativity, for surprising and transcending itself.
Sonia - Não, não está. A criatividade é o elemento básico da evolução. Qualquer organismo vivo tem o potencial para ser criativo, para se surpreender e se transcender.
Tom - Creating what, for instance? Beauty?
Tom- Criando, por exemplo, o quê? Beleza?
Sonia - Oh, yes, beauty, too. See, evolution is so much more than adaptation to the environment. Because, what is the environment if not a living system which evolves and creatively adapts itself ? So, each adapts to each. Each to the other they co-evolve. Evolution is an on-going dance, an on-going conversation .
Sonia - Oh, sim, beleza, também. A evolução é muito mais do que adaptação ao meio. O que é o meio senão um sistema vivo que evolui e que se adapta criativamente a si próprio? Cada um adapta-se a cada qual. O um e o outro co-evoluem. A evolução é uma dança contínua, uma conversa ininterrupta.
Jack - We are systems, and the planet is a system. We don't evolve on the planet, we evolve with the planet.
Jack - Nós somos sistemas e o planeta é um sistema. Não evoluímos no planeta, evoluímos com o planeta.
Sonia - Wouldn't it be extraordinarily powerful if you could introduce just that one idea into the political dialogue?
Sonia - Não seria extraodinariamente produtivo se pudesse introduzir essa precisa ideia no diálogo político?
Tom - Yes, Jack, there might be something in it for renewing your own candidature. Well, as for Sonia and myself ...
Tom - Sim, Jack, pode haver algo interessante aí para renovares a tua candidatura. Bem, quanto à Sónia e quanto a mim ....
Jack - I bet you are going to say that it was my destiny to come here meet Sonia and listen to these ideas. What am I going to do about this? I came from a country where they use forty per cent of the world's resources to support six percent of the world population, which makes the population so happy and peaceful with the world's biggest drug market. Half of our teen agers contemplate suicide. One in five girls has tried it. Would a system's thinker give nuclear energy a second thought? We are up to our necks in it and all of its waste.
Jack - Aposto que vais dizer que foi o meu destino que me trouxe até aqui para me encontrar com a Sonia e escutar as suas ideias. O que hei-de fazer com elas ? Venho de um país onde se consomem quarenta por cento dos recursos mundiais para sustentar seis por cento da população mundial e onde funciona o maior mercado de droga do mundo para fazer a sua população feliz e a tornar pacífica. Metade dos nossos adolescentes contemplam a possibilidade de se suicidarem. Uma, em cinco raparigas, já o tentou. Um teórico dos sistemas daria alguma atenção à energia nuclear? Vivemos com ela e com os seus resíduos até ao pescoço.
Sonia - And the most important issue of what you've just been saying is the obsessive pursuit of growth. That has to stop.
Sonia - E a questão crucial no que acabou de dizer é a da obsessiva procura do crescimento. Isso tem de parar.
Jack - I know, I know, I've been all over this a hundred times. Obsessive growth, pathological growth, destructive growth, but how are we going to get anybody to accept it, what am I going to do? Where do you start?
Jack - Eu sei, eu sei, já me debrucei sobre isso milhares de vezes: crescimento obsessivo, crescimento patológico, crescimento destrutivo, mas como levar as pessoas a aceitarem. O que hei-de fazer? Por onde começar?
Sonia - We have to give importance to the next generation. And the next. See, it was only when we failed to include them in our scientific theories and in our pursuit of growth that we placed all living systems in jeopardy. Just contemplate that horrifying fact, that we are leaving to our children the most poisonous of waste: plutonium. It's going to remain poisonous for the next generation, and the next, and the next. In fact, it's going to remain poisonous for half million years. We should never have accepted that theory "knowledge is power" . We should never have accepted the idea that what's good for General Motors is good for America. We need a sustainable society, one in which our needs are being satisfied without diminishing the possibilities of the next generation. You are asking me what should you do? I don't know what you should do, you know what you should do. I know what worked for me was to be quiet and take one thing at a time, think one thought to its end. Now, that was my first real step. Telling you was my second.
Sonia - Temos de dar a máxima importância à próxima geração. E à próxima. E à próxima. Veja que foi somente quando as deixámos de as considerar nas nossas teorias científicas e que passámos a insistir na procura de crescimento que colocámos em risco todos os sistemas vivos. Pense só no facto horrível de estarmos a legar aos nossos filhos o lixo mais venenoso: plutónio. Manter-se-á tóxico durante a próxima geração, e a próxima, e a próxima. Na realidade manter-se-á tóxico durante meio milhão de anos. Nunca devíamos ter contemporizado com a teoria de que "conhecer é poder". Nunca devíamos ter contemporizado com a ideia de que o que é bom para a General Motors é bom para a América. Precisamos de uma sociedade sustentável, na qual as nossas necessidades possam ser satisfeitas, sem diminuir as possibilidades da próxima geração. Pergunta-me sobre o que deve fazer? Eu não sei o que deve fazer. Você é que sabe o que deve fazer. Eu sei que o que resultou comigo foi estar tranquila e encarar uma coisa de cada vez, de levar cada pensamento até ao fim. Isso foi o meu primeiro passo. Comunicá-lo a si, foi o segundo.
Jack - You can't pass the buck that easily. How about doing something direct about this? How about helping me, how about joining my staff?
Jack - Não pode passar o fardo assim tão facilmente. E que tal fazer algo concreto? E que tal ajudar-me? E se pensasse em se juntar à minha equipa?
Sonia - What? What do you mean?
Sonia - O quê? O que quer dizer?
Jack - I don't know, finding a way to get these ideas of yours into the political mainstream. You say it's urgent, you say the ideas are practical. I give you a chance to proove it. Of course, it will be frustrating work. You would have to watch a lot of lying and wealling and dealing, you have to learn how to compromise too. You would have to get your hands dirty.
Jack - Não sei, talvez haja um modo de fazer passar essas suas ideias para a cena política. Diz que é urgente, diz que as suas ideias são práticas. Dou-lhe uma oportunidade para prová-lo. Claro que teria de assistir a muita mentira, a muita negociata. Teria também de aprender a fazer compromissos Teria de sujar as suas mãos.
Sonia - Well, I get them dirty the way I want, here; in my ivory tower, where I can sit and think.
Sonia - Bem, eu sujo-as como eu quiser, aqui, na minha torre de marfim, onde posso sentar-me e pensar.
Tom - It's only that Jack with his tenacious pursuit of the common good - not to mention his own carreer - just doesn't seem to understand how an individual can want to get away. a long long way away, thousands, and thousands, and thousands of miles away.
Tom - É que o Jack, com a sua obsessão do bem comum - para não mencionar a da sua carreira - parece não compreender que uma pessoa queira afastar-se para muito, muito muito longe, para milhares e milhares de quilómetros de distância.
Jack - So that you can have the luxury of being a voice crying in the wilderness, instead of being one of many voices trying to be heard over the clamour. Believe me, I can appreciate being here. I can understand how that would be nice. I see the pedestrian nature of the political work, but, if you're going to say no, don't say anything, just think it over.
Jack - Para que possam ter o luxo de serem uma voz a clamar no deserto, em vez de serem uma de muitas vozes a procurar ouvir-se sobre o clamor da multidão. Acreditem-me, eu consigo apreciar o estar aqui, eu consigo comprender como isto é bonito. Eu consigo ver a natureza pedreste do trabalho político, mas se vai dizer-me que não, não diga nada, pense sobre o assunto.
Tom - What time does the tide actually come in?
Tom - A que horas é que a maré sobe?
Sonia - It will be soon now. It's going to reach its all year high today.
Sonia - Vai ser em breve. Hoje atingirá o nível mais elevado do ano.
Jack - Thomas must like you. He doesn't usually have much time for other people's ideas. Do you?
Jack - Thomas deve gostar de si. Geralmente não tem muito tempo para as ideias dos outros. Não é verdade?
Tom - Well, not yours maybe. No, that's not nice. Yes, I like you, I like you. You've got a lot of guts to come here, isolated, stay put determined to figure things out until you have something to offer to a couple of sods like you and I. You know, a lot of people talk a lot about doing things like that, but how many people actually roll the dice and do it? You could stay as long and read as much and decide you had absolutely nothing to offer. An isolation in and of itself is a very scary thing, Jack. So, I like you. I like you too. Very brave of you to listen. I would have been disapointed if you hadn't; it would have bothered me, but you know, Jack, I am not so sure that strongarming her into a Washingtonian office is exactly where she needs to be right now; in fact that maybe exactly where she doesn't need to be.
Tom - Bem, talvez não tenha para as tuas. Não, isto não é simpático. Sim, gosto de si. Tem muita garra em ter vindo até aqui e isolar-se, em ter ficado num mesmo lugar, determinada a perceber como as coisas funcionam até estar em condições de oferecer algo a dois idiotas como eu e ele. Há muita gente que fala em fazer uma data de coisas parecidas, mas quantas é que, de facto, atiram os dados e fazem-nas ? Você podia ter ficado a ler o tempo todo e decidir que não tinha absolutamente nada a oferecer. O isolamento de e em si mesmo é uma coisa muito assustadora, Jack. Sim. gosto de si. E também gosto de ti. Foi muito corajoso da tua parte teres escutado. Teria ficado desapontado se o não tivesses feito; ter-me-ia incomodado. Mas sabes, Jack, não estou tão convencido assim de que o lugar exacto onde a Sonia deva estar neste momento seja um escritório que a amarre em Washington; de facto, acho que esse é o lugar onde exactamente ela não deve estar.
Jack - What's hitting you?
Jack - O que é que te deu?
Tom - Maybe you're right. What is this? Group therapy?
Tom - És capaz de ter razão. O que é isto ? Terapia de grupo?
Jack - All this is going to be covered with water when the tide comes in, isn'it?
Jack - Tudo isto vai-se cobrir de água quando a maré encher, não vai?
Sonia - O yes.
Sonia - Sim, sim.
Jack - Including the pastures, It must take a special breed of sheep to be able to graze around here with all this salt . And how could the grass grow without the manure and the sheep grazing on it? I won't be surprised if the people around here had a taste for salty lambs, so the people are in it too. The sea, the grass, the people, the sheep ...
Jack - Incluindo as pastagens. Deve ser especial, a raça de ovelhas que pode pastar nestes campos com tanto sal. E como é que a erva podia crescer sem o estrume e sem o pasto das ovelhas? Não me surpreenderia se as pessoas aqui à volta tivessem um gosto especial por carne salgada de ovelha, visto que elas também participam nisto. O mar, a erva, as pessoas, as ovelhas ...
Tom -
"You ask me what the lobster
is weaving down there,
with its golden feet ?
I tell you: the ocean knows this.
You say, who is the accidie
waiting for in its transparent bell ?
I tell you, it's waiting for time, like you.
You say, who does the macro sistus alga
hug in its arms ?
Study it. Study it, at a certain hour
and a certain sea, I know.
You question me about the wicked
task of the narwhale,
and I respond by describing to you
how the sea-unicorn, with a harpoon in it, dies.
You inquire about the kingfisher's feathers
which tremble in the pure springs
of the southern shores, and I want
to tell you that the ocean knows this,
that life, in its jewel-boxes,
is endless as the sand, impossible to count, pure,
and the time among the blood-coloured grapes
has made the pebble hard and shiny,
filled the jelly-fish with light
untied its knot,
letting its musical threads fall from a horn
of plenty made of infinite mother-of-pearl.
I'm nothing but the empty net
which has gone on ahead of human eyes
dead in the darkness,
a finger accustomed to the triangle longitudes
in the timid globe of an orange.
I walk around like you,
investigating the endless star,
and in my net, during the night,
I woke up naked,
the only thing caught : a fish
trapped inside the wind."
Pablo Neruda! Pablo Neruda!
That remind you of anything? "Walk around investigating the endless star"? Isn't that what you do, Sonia, "and in my net during the night I wake naked", isn't that what you do, don't you take your net and throw it out in these far out places of quantum physics and system's theory? And don't you find that the only thing you ever catch is your own self back, again? Like a "fish trapped inside the wind"? Where are the other people inside your systems, Sonia? The ones you love? And what about these tourists we feel so superior to , aren't they too like "fish trapped inside the wind"? I don't know, maybe even the feelings are more terrible for them, because, you know, they don't even have words to describe it. So, tell me, Sonia, where are all of us, in there? The real people with their qualities, their longings, their weaknesses? Where are you inside there, Sonia? Where is Ke? You know, scientists can tell us what life's internal metaphors are, whether they're computer chips or clocks. Politicians can tell us what forms our lives should take, but I feel just as reduced being called the system as I do being called the clock. Life is jus not condensable. One group of people uses one set of words to change the world and another set of people come along with a different set of words to change it and - I don't mind, you know, it's all the same to me, I don't mind a bit, it's like the seasons' changing. And I like you, I like your timorous courage, I like the fact that you want to make the world a better place, God knows it could use it. And I like my silly friend Jack, who is crazy enough to think that he wants to be the President of the United Sates. Whereas for me, don't mind me, I'm a fool. But remember: life feels itself. Life feels itself. Differently, perhaps, than all your words, but how to manage it? And even with the best intentions of the world, you go wrong if you forget that life, life, life, life is infinitely more than yours or mine obtuse theories about it. Feeling the universe is an inside job. And you helped me. And I love you. And I love you too. I love you both.
Water!! What a day! What a day!
Tom -
"Perguntas-me, o que tece a lagosta
com as suas patas de ouro?
Respondo-te, o oceano sabe disso.
Dizes-me, por que espera a acídia
com o seu cinto transparente?
Respondo-te, como tu, espera pelo tempo.
Dizes-me, o que aperta a alga macro sistus
nos seus braços?
Estuda-a! Estuda-a a certas horas,
num certo mar, que eu sei.
Perguntas-me sobre a tarefa maldita do narval,
e eu respondo, descrevendo-te
como o unicórnio do mar,
com um arpão no dorso, morre.
Investigas as penas do pica-peixe
que tremulam nas fontes puras das praias do sul, e
eu quero dizer-te que o oceano sabe disso,
que a vida, nas suas caixas de jóias,
é infinita como a areia, impossível de contar,
e que o tempo, entre as uvas-cor-de-sangue,
fez as pedras duras e brilhantes,
encheu as medusas de luz,
desenleou os seus nós,
soltou os seus fios de música dum corne
feito de abundante, infinita madrepérola.
Não sou senão a rede vazia
que vai adiante de olhos humanos
mortos na escuridão,
um dedo acostumado às longitudes do triângulo,
ao globo tímido de uma laranja.
Como tu, também eu caminho em círculos
investigando a infinita estrela,
e com a minha rede, à noite, acordo nú,
a única coisa resgatada, um peixe
surpreendido nas malhas do vento."
Pablo Neruda ! Pablo Neruda!
Isto faz-vos lembrar alguma coisa? " Caminho em círculos /investigando a infinita estrela" ? Não é isso o que você faz, Sonia ? "E com a minha rede, à noite, acordo nú", não é isso o que você faz, não pega na sua rede e não a atira para esses lugares longínquos da física quântica e da teoria dos sistemas? E não acha que a única coisa que apanha é sempre e ainda o seu próprio ego, como um "peixe surpreendido nas malhas do vento"? Onde estão as outras pessoas dentro dos seus sistemas, Sonia? As pessoas que ama? E o que dizer daqueles turistas em relação aos quais nos sentimos tão superiores ? Não serão eles também "peixes surpreendidos nas malhas do vento"? Não sei, mas talvez os sentimentos deles sejam ainda mais terríveis, porque nem palavras possuem para os descrever. Diga-me, então, Sonia, onde é que estamos nos seus sistemas? As pessoas reais com as suas qualidades, os seus desejos, as suas fraquezas? Onde é que está, Sonia, no meio disso tudo? Onde está Ke? Os cientistas podem-nos dizer por metáforas - quer sejam 'chips' de computador ou relógios mecânicos - o que é a essência da vida; os políticos podem dizer-nos quais as formas que devem assumir as nossas vidas, mas, em ambos os casos, quer me tomem como parte de um sistema, quer me comparem ao funcionamento de um relógio, sinto que me comprimem. A vida, muito simplesmente, não é condensável. Um grupo de pessoas recorre a uma série de palavras para mudar o mundo e vem a seguir outro grupo de pessoas com outra série de palavras para o mudar, e, para mim - quero lá saber -, para mim é tudo o mesmo, é igual à passagem das estações. Mas eu gosto de si - aprecio a sua intrépida coragem, aprecio o facto de querer fazer do mundo um lugar melhor, queira Deus venha a existir. E gosto do tolo do meu amigo Jack, que é suficientemente doido para pensar em querer ser Presidente dos Estados Unidos da América. Quanto a mim, não se preocupem comigo, sou um triste. Mas lembrem-se: a vida sente-se em si mesma, a vida sente-se em si mesma. Diferentemente, talvez, de todas as vossas palavras, mas como vivê-la? É que mesmo com a melhor das intenções do mundo, enganam-se se se esquecerem que a vida, a vida, a vida, a vida é infinitamente maior do que as vossas, minhas teorias acerca dela. Sentir o universo é uma tarefa interior. E vocês ajudaram-me. E eu amo-te, e também te amo a ti. Amo-vos aos dois.
Água ! Mas que dia! Que dia!
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Jack - Well, if we have to go, we better leave now.
Jack - Bem, se temos de ir, é melhor partirmos agora.
Sonia - I don't know, why don't you just stay?
Sonia - Não sei, porque não ficam?
Jack - I don't know, why don't you just come? Anyway, thanks.
Jack - Não sei, porque é que não vem? De qualquer modo, obrigado.
Tom - Thank you.
Tom - Obrigado.
Sonia - Don't thank me. I loved the day. I hate good-byes.
Sonia - Não me agradeçam. Eu adorei o dia. Destesto despedidas.
Jack - Maybe it's not good-bye. Please, think about what I said.
Jack - Talvez não seja uma despedida. Por favor, pense naquilo que eu lhe disse.
Tom - Let us know how the water rises.
Tom - Comunique-nos como é que a água vai subindo.
Jack - Does it matter?
Jack - Isso é importante?
Tom - Of course, it matters. Let it get all the way back to line. Let it renew itself, right, Sonia? Any time you come to Paris, you let me know.
Tom - Claro que é importante que ela regresse ao mesmo nível e que se renove, não é verdade, Sonia? Se alguma vez vier a Paris, avise-me.
Jack - Or Washington. Or New York.
Jack - Ou Washington. Ou Nova York.
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Sonia - ("Where are the other people in your systems, Sonia? The ones you love, the real people with their qualities, their longings, their weaknesses?")
Sonia - ("Onde estão as outras pessoas nos seus sistemas, Sonia? Aqueles que ama, as pessoas reais com as suas qualidades, os seus desejos, as suas fraquezas?")
Ke - Mom, you are o.k?
Ke- Mãe, estás bem?
Sonia - ("Where are you inside of them, Sonia ? Where is Ke?")
Sonia - ("Onde é que você está dentro delas, Sonia ? Onde está Ke?")
Ke - What are you thinking?
Ke - Em que estás a pensar?
Sonia - Shall we go home?
Sonia - Vamos para casa?
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Tom - (I've got the feeling my long week end in France is coming to a close. Maybe, I too I'm tired of being a stranger, being outside of language and environment, which live, which resonate inside me. Our emotional system - as she might say - needs a larger system to nurture it. It doesn't make any difference, you're locked in with the people you know and you even belong somewhere.)
Tom - (Tenho a sensação de que o meu fim de semana prolongado em França está a chegar ao fim. Também eu estou cansado de ser um estrangeiro, de estar fora da língua e do ambiente que habita e que ressoa dentro de mim. O nosso sistema emotivo - como ela diria - necessita de um sistema maior para se sustentar. Não faz mal. Estás preso às pessoas que conheces e pertences ainda a um lugar.)
Jack - (He is right of course about dam near anything. Even the parts I didn't understand felt right. So. Should I just go with it? Is this one of the turning points?)
Jack - (Claro que ele tem razão acerca de quase tudo. Mesmo as partes que não compreendi fizeram sentido. Será que devo abraçá-las? Será este um ponto de viragem?)
Tom -
("You, the woman, I, the man,
thus the world, and each is the work of all;
it's the muffled step in the sand,
a stranger, the crippled,
the randan of the dead,
the dance of the angels' wing
over the walkers and the villagers.
And there are many beautiful arms around us
and the things we know ..."
And I don't know how the rest of the damn poem goes ... )
Tom -
("Tu, a mulher, eu, o homem,
é assim o mundo e cada um
é função do todo;
é o passo abafado na areia,
um estranho, um mutilado
é a barca dos mortos,
a dança da asa do anjo sobre
os caminhantes e os aldeões.
E há muitos braços
que são belos à nossa volta
e as coisas que sabemos ..."
E já não me lembro como é que o maldito do poema continua ...)
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